Últimas

Marta Moneo

Pós-graduada em A Psicanálise do Século XXI, pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap); Pós-graduada em psicanálise, pela Faculdade Álvares de Azevedo (Faatesp); Formação em psicanálise, pelo Centro de Formação em Psicanálise Clínica Illumen, com sede em São Paulo desde 2010. Outras formações acadêmicas: graduação em administração de empresas, pela Faculdade Ibero-Americana; graduação em letras, pelo Instituto Municipal de Ensino Superior (Imes) Catanduva; Leciona psicanálise, atua como analista didática e supervisora na preparação psicanalítica de alunos do Illumen. Atua na clínica psicanalítica desde 2017, com maior direcionamento ao público infanto-juvenil e adolescente.
25/7/2024

O dilema entre amor incondicional e a necessidade de impor limites

Sobre o que se permite na incondicionalidade

Uma das questões mais delicadas a que me debruço, quando no atendimento de crianças e seus respectivos cuidadores, permanece no âmbito de um meio de caminho em que o entendimento sobre o amar se arvoraria: incondicionalidade ou imprescindibilidade do limite?

A controvérsia se abre diante de construtos e experiências, no delicado espaço de interação entre as realidades objetiva e subjetiva, e por onde se situa o embate sobre o social e o singular, sobre o humano e o divino.

:
4/7/2024

A dor de uma tragédia e a fuga para preservar a sanidade

Suicídio: a dor de quem permanece

Por vezes a dor de uma tragédia alcança um lugar onde a mente, em seu limiar ao sofrimento, permite abster-se, fugir a um canto inalcançável à mínima preservação da própria sanidade.

Na incoerência do processo, a solidão pode trazer pretenso alívio ao insuportável do real.

:
31/5/2024

A distância entre a coragem e a covardia

Escrevo agora sobre o que vingou de um bate-papo informal com amigos de profissão. Na inquietude de nossos porões mentais fluem sensações que, aliadas a arquivos indeléveis, pescam no tempo sem tempo do tempo as mais remotas recordações.

Dentre as tantas mencionadas em conversa sobre a seara televisiva (na ciência de que tal adjetivo leva ao mais antigo de mim), uma insistiu em rodear e pernoitar no pensamento, presentificando no lobo (a)temporal que me habita, e na plenitude do duplo sentido, muitas veredas... umas delas, a da faceta da ingenuidade.

Marta Moneo
:
Reflexões sobre como a ingenuidade e a sagacidade moldam nossas vidas.
19/5/2024

Falta de engajamento transforma inclusão em marketing educacional

A inclusão em seu revés

Nas tantas andanças pelos campos da prática clínica, seguimos colhendo enredos distintos e repletos de vivências desafiadoras que, ao aportarem no consultório, exigem extremo cuidado de quem se disponibiliza à escuta. Requisitam ainda maior zelo ao chegar por intermédio de vozes maternas exaustas, cada qual em visível desorientação ante a angustiada procura por saídas ou qualquer lenitivo ao desamparo em que se acham.

Mães que adentram geralmente sozinhas a sala em que seus prantos não mais suportarão o represamento da mágoa em não serem compreendidas nos seus lamentos e em suas dores ante a impotência.  

:
2/5/2024

Mito de Níobe ajuda a decifrar comportamentos egocêntricos

O orgulho sob um olhar mitológico

Em atendimento recente, certa paciente apresentou sua dúvida sobre egocentrismo e narcisismo pois, por sua lente, enxergava que significavam uma mesma coisa, caracterizando ambos o erro de uma pessoa pensar apenas em si e de agir só levando em conta seus desejos.

Naquele momento, achei pertinente propor a reflexão sobre o sentimento do orgulho e fiz uso de um recurso clínico bastante proveitoso: a metáfora. Recorri à mitologia grega, precisamente ao Mito de Níobe, aquela que teria sido ao mesmo tempo neta de Zeus (enquanto filha de Tântalo com Dione) e uma das noras dele (por se casar com Anfião, filho de Zeus com Antíope).

:
18/4/2024

'O Jardim Secreto' é uma jornada de dor, crescimento e redescoberta

O Jardim Secreto de cada um

Ciente da infinita capacidade em guardar informações fora do campo consciente – onde nossas memórias brincam e adormecem –, deixo vir à mente um enredo de recorrente retorno, em especial na clínica, quando submeto-me a temas angustiantes: perda, abandono, mágoa, trauma e somatizações. Nesse meu lembrar, a reminiscência costuma recuperar trechos e lições do livro O Jardim Secreto, clássico da literatura infanto-juvenil, datado de 1911 e escrito por Frances Hodgson Burnett.

Pioneira em evidenciar crianças como protagonistas, o texto retrata a orfandade precoce de uma menina de dez anos, Mary, e seu primo de mesma idade, Colin, e como elas lidam, cada qual do seu jeito, com a dor de se verem sozinhas, ainda que não formalmente abandonadas.

Por que é importante
:
"O Jardim Secreto", de Frances Hodgson Burnett, narra a jornada de Mary e Colin, crianças que enfrentam traumas e solidão após perdas devastadoras.
4/4/2024

E o monstro ainda mora aqui dentro: uma distinção sobre medo e fobia

E o monstro ainda mora aqui dentro: uma distinção sobre medo e fobia

É comum a aparição, no consultório, de questões vinculadas a estados de angústia permeados por sensações de insegurança diante de objetos, sejam eles reais ou imaginários – para a psicanálise, objeto se refere a tudo que está fora do sujeito, em seu entorno, como pessoas, coisas e sistemas (profissional, familiar, de ensino, entretenimento etc.).

Tal vulnerabilidade também tende a ocorrer frente a conteúdos de repercussão interna, como doenças ou vivências conflitivas: lutos, traumas, pesadelos/insônias, mágoas, ideações neuróticas, decisões, testes, depressão/ansiedade excedentes, impotências, entre outros.

Marta Moneo
:
Autora aborda a distinção entre medo e fobia sob a ótica da psicanálise. Enquanto o medo atua como um mecanismo de proteção saudável, as fobias representam respostas desproporcionais a perigos não reais.
21/3/2024

A ventura do chiste

Agressão escolar no Paraná: entre chistes e traumas

Norteada pela crença de tempos mais sensíveis, cravo que a violência nunca foi, continua não sendo e jamais se fará, apesar das muitas frestas pelas quais ela possa se embrenhar, o método adequado ao alicerce dos processos de socialização e desenvolvimento educacional do sujeito de desejos.

Sem se ater à origem, toda fonte de agressão requer de todos especial atenção; e, muito mais, daqueles que se debruçam na mureta do cotidiano escolar, em função dos desajustes emocionais e psíquicos verificados em falas e condutas dos diferentes personagens do cenário acadêmico – desajustes em sua maioria nascidos nos quatro cantos da estrutura familiar e a vazarem aos canteiros da quadra escolar.

Marta Moneo
:
Uma professora do Paraná usou fita adesiva para silenciar alunos, levantando questões sobre violência e métodos educacionais. O ato destaca a necessidade urgente de revisão das práticas disciplinares nas escolas, visando uma educação que promova o desenvolvimento saudável e empático das crianças.
7/3/2024

Raios e trovões!

Brincar se revela chave para o desenvolvimento, ensina Castelo

"Raios e trovões!". Expressão saudosa, essa! Virou bordão a quem igualmente fez morada no fabuloso Castelo da tevê Cultura, nos idos da década de 90. Lá havia um Nino menino que, em seus 300 anos, nunca crescia e de quem vertia tanto a traquinagem e alegria dos ingênuos como, em contrapeso, certa habilidade ao equilíbrio e discernimento. Aprendiz de feitiçarias, seus pais nunca estavam presentes por viverem pelo espaço – como muitos – sem tempo ao interdito ou a acolhidas. Biba, Zeca e Pedro felizmente juntavam-se a ele, tirando-o da solidão às brincadeiras.

Nas torres empoeiradas, a destemperada bruxa Morgana articulava a voz em impropérios e ameaças, reinando plena no Rá-Tim-Bum; emparelhava, nas artimanhas da magia, ao "Salagadula Mexegabula Bibidi-Bobidi-Boo", cantarolado muito antes pela atrapalhada fada de Cinderela. Sob doces melodias, encantos e bruxedos, a infância dos grandes e dos pequenos seguia fortalecida e espontânea, num tempo outrora de muitas risadas, travessuras e diversão.

Marta Moneo
:
Colunista traça um paralelo emocionante entre a mágica infância proporcionada pelo Castelo Rá-Tim-Bum nos anos 90 e as mudanças na percepção e vivência da infância na atualidade.
22/2/2024

O sinuoso percurso do auto-saber

Singularidade e aceitação se entrelaçam em jornada pessoal

Tomo como tema uma questão intrigante com a qual cada um de nós tem de operar ao longo da vida: nossa esquisitice. E sei que versar sobre isso soa muito bizarro! A estranheza intrínseca do ser, contudo, é a responsável por nos denominar ao Outro, queira-se ou não.

Falo dessa tal singularidade a extravasar do dentro para o fora, de mim para algo além, e a repercutir interpretações no alheio. Somos lidos o tempo todo por olhares não pertencentes, estrangeiros... a despeito de nosso querer – o que quase sempre acirra o mal-estar diante do convívio – nesse eterno embate entre as enraizadas pulsões arcaicas e o regramento social, a nos cercar/cercear no vai-e-vem das relações. Por isso negociar o que de mim emerge, aquilo que na maioria das vezes eu sequer sei, com a impressão causada a terceiros, requer a todo tempo o regresso do Eu (passo a passo construído no compasso dado por discursos disjuntos) a um pensar ensimesmado.

Marta Moneo
:
Explorando a esquisitice e o autoconhecimento, a colunista reflete sobre a singularidade como essência da identidade. Ela conta a história de uma jovem em busca de aceitação.