<span class="abre-texto">Nos últimos tempos, todos os dias</span> faço limpezas nas minhas redes sociais. Minha capacidade de tolerância, que é bem elástica, nunca foi tão demandada. Pretendo permanecer serena e com capacidade de análise, logo, as providências para reduzir os estímulos recebidos são vitais.
Sinto-me navegando em um oceano de dissonâncias. Dissonância cognitiva, especialmente, evidenciada pelas distorções entre discurso, pensamento e ação de líderes, nos quais a honestidade da pregação convive com as mentiras, os roubos e as extorsões da prática. Práticas essas naturalizadas pela frequência. Algo que um dia significou ameaça à honra, hoje, pela frequência, é visto como "normal" pelos cidadãos anestesiados.
Muitas ações, mais apropriadamente chamadas de "golpes", um dia foram apresentadas como perda iminente da credibilidade e do respeito das pessoas. Hoje, são praticadas à luz do dia, afiançadas por "cidadãos de bem", filmadas e multiplicadas ad aeternum nos sofisticados mecanismos da web.
Não é um fenômeno da modernidade. Zeus, o todo-poderoso, utilizava os serviços de Hermes para as manipulações e ações obtusas no controle de humanos, deuses e semideuses. Esses dois personagens da mitologia grega ilustram com eficiência e significados interessantes o cenário atual — com o acréscimo veloz da vestimenta tecnológica. Contudo, o roteiro é muito parecido. Não por acaso, os pesquisadores do comportamento humano utilizam os personagens das mitologias e suas histórias para apoiar a compreensão da espécie dominante da Terra: o Homo sapiens. Nós!
A dissonância moral, outro fenômeno bastante presente em atos, notas e postagens, aparece quando a pessoa age de modo muito diferente do próprio quadro de referência, especialmente quanto aos códigos internos de ética e moral. O desconforto é significativo; sob pressões da comunidade ou de influências externas, a pessoa se verga, encolhendo ou descartando seus próprios valores para caber nas exigências externas. Algumas pessoas conseguem se livrar dessa opressão, mas preciso considerar que, para tanto, é necessário ou ter uma base consistente, ou ter acesso a informações que fortaleçam o pensamento crítico e uma boa rede de apoio. Porque o preço de sair é muito alto.
Uma confusão de valores, códigos de ética e moral, parâmetros de respeito mútuo e consciência coletiva gera uma onda de influência que chega às crianças e aos adolescentes.
Eles assistem à dinâmica de convivência dos adultos e coletam, ainda sem recursos para o manejo, atitudes, comunicação, padrões de relacionamentos assustadoramente tóxicos.
Captam informações que ressaltam racismo, discriminação, violência justificada, golpes, espertezas, algumas vezes fantasiadas de brincadeiras à beira de um campo de futebol ou de uma churrasqueira. Ou, o que me faz arrepiar a alma, à mesa do almoço dominical.
Outro grupo de adultos foge das conversas com temas complexos, negando os riscos ou as possibilidades espinhosas, lidando com a missão nobre de orientar uma criança ou um adolescente sem abrir a possibilidade de examinar o real com responsabilidade. São crianças abrigadas em corpos adultos. Na busca intensa de sustentação da juventude eterna, suas estruturas psíquicas atrofiam em comportamentos eternamente infantis.
É natural que esses adultos perdidos não terão tempo ou repertório para dialogar com os filhos e com as crianças, diálogos que poderiam construir um arcabouço de regras inegociáveis, fundamentais para a convivência entre humanos.
São essas crianças e adolescentes, desorientados, que nas escolas e ambientes de convivência cometem ou são acometidos pelo bullying. Essa violência absurda, hoje acelerada pela rapidez das redes, também não é nova. Remonta a tempos imemoriais. Entretanto, não é muito antiga a defesa da integridade física e psíquica das crianças e adolescentes. Até há pouco tempo, os pequenos eram desconsiderados como personalidades em formação e ficavam à mercê dos comportamentos abrasivos dos adultos. Muitas dessas crianças são vítimas de toda sorte de violência, legitimada, muitas vezes, nos púlpitos das igrejas. Muitos desses adultos perdidos estão nessa categoria.
A violência praticada por uma criança ou por adolescente tem raiz. Salvadas as situações patológicas, que são uma minoria, tal violência foi gestada na convivência com comunidades violentas.
É urgente começar ou ampliar o diálogo (diálogo!) entre nós, adultos, e entre as crianças. Quanto mais oportunidades pudermos gerar para que se vejam, se escutem e se conheçam, maiores serão as chances de ampliarmos a rede de proteção e cuidado com o humano em desenvolvimento.
Nessa agenda, é fundamental preservar o respeito e a dignidade da criança e do adolescente, das duas pontas dessa violência. O problema não são as pessoas, são os comportamentos. É preciso escapar, como de uma praga egípcia, da tentação de atribuir rótulos (valentão, fracote, corajoso, covarde...). O diálogo precisa abordar, equilibradamente, o inegociável nos relacionamentos; fazê-lo com calma e com capacidade de escuta aumenta a chance de conscientização.
Grande parte das crianças que são violentas está sob pressão de angústias, violências, impasses, dúvidas, ansiedade, depressão, e a violência é a válvula de escape que substitui a atenção e o diálogo. É como uma erupção vulcânica. Explode para aliviar a pressão. E o fará em direção aos mais frágeis, pois terá exemplos registrados no seu repertório. A cultura de gritos e xingamentos entre irmãos, pais e mães, vizinhos, políticos vai se avolumando como recurso no cérebro em desenvolvimento.
Acolher a criança vítima e acolher a criança violenta. À primeira, compreensão, solidariedade e a criação conjunta de estratégias de fortalecimento da autoestima e da autoconfiança. À segunda, compreensão e expansão conjunta das habilidades sociais. As duas intervenções devem ser pautadas em diálogo e oportunidades de prática. Nada de púlpito ou discursos.
Muitas vezes, crianças ou adolescentes com potencial para o exercício de liderança, caso não orientados adequadamente, liderarão grupos violentos. Redirecionar essa capacidade, apoiar o desenvolvimento funcional dessa liderança pode neutralizar o reconhecimento obtido pela violência, através do reconhecimento das ações construtivas.
Finalmente, mas o mais importante: praticar, ensinar e cultivar a sintonização empática. A empatia, da qual temos estrutura, será funcional quando deliberadamente praticada. Se cada um de nós, adultos, assumirmos a missão de trazer para o centro da nossa prática valores cognitivos e morais e, com a coerência obtida, nos conectarmos empaticamente com as crianças e os adolescentes, poderemos iniciar uma pequena tsunami do bem.
Sinto-me um tanto repetitiva quando escrevo isso, mas lá vai: cuide bem de si mesmo enquanto isso. Compaixão pela criança interna pode ser um belo início de missão!
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.
<span class="abre-texto">Nos últimos tempos, todos os dias</span> faço limpezas nas minhas redes sociais. Minha capacidade de tolerância, que é bem elástica, nunca foi tão demandada. Pretendo permanecer serena e com capacidade de análise, logo, as providências para reduzir os estímulos recebidos são vitais.
Sinto-me navegando em um oceano de dissonâncias. Dissonância cognitiva, especialmente, evidenciada pelas distorções entre discurso, pensamento e ação de líderes, nos quais a honestidade da pregação convive com as mentiras, os roubos e as extorsões da prática. Práticas essas naturalizadas pela frequência. Algo que um dia significou ameaça à honra, hoje, pela frequência, é visto como "normal" pelos cidadãos anestesiados.
Muitas ações, mais apropriadamente chamadas de "golpes", um dia foram apresentadas como perda iminente da credibilidade e do respeito das pessoas. Hoje, são praticadas à luz do dia, afiançadas por "cidadãos de bem", filmadas e multiplicadas ad aeternum nos sofisticados mecanismos da web.
Não é um fenômeno da modernidade. Zeus, o todo-poderoso, utilizava os serviços de Hermes para as manipulações e ações obtusas no controle de humanos, deuses e semideuses. Esses dois personagens da mitologia grega ilustram com eficiência e significados interessantes o cenário atual — com o acréscimo veloz da vestimenta tecnológica. Contudo, o roteiro é muito parecido. Não por acaso, os pesquisadores do comportamento humano utilizam os personagens das mitologias e suas histórias para apoiar a compreensão da espécie dominante da Terra: o Homo sapiens. Nós!
A dissonância moral, outro fenômeno bastante presente em atos, notas e postagens, aparece quando a pessoa age de modo muito diferente do próprio quadro de referência, especialmente quanto aos códigos internos de ética e moral. O desconforto é significativo; sob pressões da comunidade ou de influências externas, a pessoa se verga, encolhendo ou descartando seus próprios valores para caber nas exigências externas. Algumas pessoas conseguem se livrar dessa opressão, mas preciso considerar que, para tanto, é necessário ou ter uma base consistente, ou ter acesso a informações que fortaleçam o pensamento crítico e uma boa rede de apoio. Porque o preço de sair é muito alto.
Uma confusão de valores, códigos de ética e moral, parâmetros de respeito mútuo e consciência coletiva gera uma onda de influência que chega às crianças e aos adolescentes.
Eles assistem à dinâmica de convivência dos adultos e coletam, ainda sem recursos para o manejo, atitudes, comunicação, padrões de relacionamentos assustadoramente tóxicos.
Captam informações que ressaltam racismo, discriminação, violência justificada, golpes, espertezas, algumas vezes fantasiadas de brincadeiras à beira de um campo de futebol ou de uma churrasqueira. Ou, o que me faz arrepiar a alma, à mesa do almoço dominical.
Outro grupo de adultos foge das conversas com temas complexos, negando os riscos ou as possibilidades espinhosas, lidando com a missão nobre de orientar uma criança ou um adolescente sem abrir a possibilidade de examinar o real com responsabilidade. São crianças abrigadas em corpos adultos. Na busca intensa de sustentação da juventude eterna, suas estruturas psíquicas atrofiam em comportamentos eternamente infantis.
É natural que esses adultos perdidos não terão tempo ou repertório para dialogar com os filhos e com as crianças, diálogos que poderiam construir um arcabouço de regras inegociáveis, fundamentais para a convivência entre humanos.
São essas crianças e adolescentes, desorientados, que nas escolas e ambientes de convivência cometem ou são acometidos pelo bullying. Essa violência absurda, hoje acelerada pela rapidez das redes, também não é nova. Remonta a tempos imemoriais. Entretanto, não é muito antiga a defesa da integridade física e psíquica das crianças e adolescentes. Até há pouco tempo, os pequenos eram desconsiderados como personalidades em formação e ficavam à mercê dos comportamentos abrasivos dos adultos. Muitas dessas crianças são vítimas de toda sorte de violência, legitimada, muitas vezes, nos púlpitos das igrejas. Muitos desses adultos perdidos estão nessa categoria.
A violência praticada por uma criança ou por adolescente tem raiz. Salvadas as situações patológicas, que são uma minoria, tal violência foi gestada na convivência com comunidades violentas.
É urgente começar ou ampliar o diálogo (diálogo!) entre nós, adultos, e entre as crianças. Quanto mais oportunidades pudermos gerar para que se vejam, se escutem e se conheçam, maiores serão as chances de ampliarmos a rede de proteção e cuidado com o humano em desenvolvimento.
Nessa agenda, é fundamental preservar o respeito e a dignidade da criança e do adolescente, das duas pontas dessa violência. O problema não são as pessoas, são os comportamentos. É preciso escapar, como de uma praga egípcia, da tentação de atribuir rótulos (valentão, fracote, corajoso, covarde...). O diálogo precisa abordar, equilibradamente, o inegociável nos relacionamentos; fazê-lo com calma e com capacidade de escuta aumenta a chance de conscientização.
Grande parte das crianças que são violentas está sob pressão de angústias, violências, impasses, dúvidas, ansiedade, depressão, e a violência é a válvula de escape que substitui a atenção e o diálogo. É como uma erupção vulcânica. Explode para aliviar a pressão. E o fará em direção aos mais frágeis, pois terá exemplos registrados no seu repertório. A cultura de gritos e xingamentos entre irmãos, pais e mães, vizinhos, políticos vai se avolumando como recurso no cérebro em desenvolvimento.
Acolher a criança vítima e acolher a criança violenta. À primeira, compreensão, solidariedade e a criação conjunta de estratégias de fortalecimento da autoestima e da autoconfiança. À segunda, compreensão e expansão conjunta das habilidades sociais. As duas intervenções devem ser pautadas em diálogo e oportunidades de prática. Nada de púlpito ou discursos.
Muitas vezes, crianças ou adolescentes com potencial para o exercício de liderança, caso não orientados adequadamente, liderarão grupos violentos. Redirecionar essa capacidade, apoiar o desenvolvimento funcional dessa liderança pode neutralizar o reconhecimento obtido pela violência, através do reconhecimento das ações construtivas.
Finalmente, mas o mais importante: praticar, ensinar e cultivar a sintonização empática. A empatia, da qual temos estrutura, será funcional quando deliberadamente praticada. Se cada um de nós, adultos, assumirmos a missão de trazer para o centro da nossa prática valores cognitivos e morais e, com a coerência obtida, nos conectarmos empaticamente com as crianças e os adolescentes, poderemos iniciar uma pequena tsunami do bem.
Sinto-me um tanto repetitiva quando escrevo isso, mas lá vai: cuide bem de si mesmo enquanto isso. Compaixão pela criança interna pode ser um belo início de missão!
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.