Corrida para a Prefeitura de Curitiba

Opinião

Uma proposta revolucionária, mas não inovadora: a gentileza

Gentileza na comunicação: a arte de ouvir e falar com empatia. Aprender a sintonizar-se com o outro gera conexões, economiza tempo e fortalece relacionamentos.Gentileza na comunicação: a arte de ouvir e falar com empatia. Aprender a sintonizar-se com o outro gera conexões, economiza tempo e fortalece relacionamentos.
Annie Spratt
/
Unsplash
Maku de Almeida

<span class="abre-texto">Transitando pela vida</span>, de um fenômeno humano a outro, meu olhar e minha atenção são atraídos para a coreografia dos relacionamentos. Suas complexidades, suas múltiplas dimensões. Uma delas parece-me especialmente central nos contatos humanos e bem por isso item muito lembrado nas análises das convivências. A maneira como as pessoas se comunicam ou deixam de se comunicar altera todo o processo vital que segue aquele momento, dure o tempo que durar.

Imagino a jornada de convivência como uma estrada na qual belezas e obstáculos se alternam. Conviver e contemplar pode ser a aventura de uma vida.

No entanto, é muito comum que os caminhantes sigam juntos por um tempo até que um equívoco no diálogo inicia um movimento divergente que pode escalar até a ruptura. Cada um pode iniciar sua caminhada solitária ao tomar um desvio, ou pior, seguem juntos em silêncio, uma espécie sofisticada de morte em vida. Sem expressar pensamentos, sentimentos ou necessidades e expectativas, estarão cada um à beira de variados colapsos, à busca de alianças com outras pessoas. Pois como humanos precisamos de contato, presença, validação, valorização, atenção, respostas!

Na minha percepção, diálogo não são só as palavras. São gestos, expressões, olhares – qualquer forma de contato. As palavras complementam ou complexificam o contato. A raposa, personagem do magnifico livro O pequeno príncipe, de Saint Exupéry, orienta o menino quanto ao caminho do “cativar”:

“Se tu queres um amigo, cativa-me! Que é preciso fazer? perguntou o principezinho. É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto”.

E espia só o mundo onde estamos! Correria, pressa, olhar grudado nos pequenos retângulos espelhados, atenção espalhada entre o que aconteceu e o que precisa acontecer já, agora, rápido. De vez em quando penso que dentre as inúmeras fantasias que envolvem e sedam os seres humanos, há uma relacionada ao tempo: que um dia, sabe lá quando, poderei prestar atenção aos meus companheiros de jornada, um dia poderei ouvir e perceber as pessoas à minha volta; um dia prestarei atenção em mim mesma e saberei quem sou e do que preciso.

E nestes redemoinhos enlouquecedores se perdem propósitos, projetos, pessoas, companhias e países.

O que fazer, afinal de contas?

Tenho uma proposta revolucionária, mas não inovadora. Gentileza é seu nome.

E não é algo que vem junto com o pacote humano, como acessório. Gentileza é aprendida. É repertório capturado pela criança ao observar e interagir com os adultos a sua volta.

Gentileza ao falar e gentileza ao ouvir supõem qualidade de presença. Supõem sintonização com as pessoas. Sintonizar é ajustar o canal, identificar e conectar o mundo de significados do outro e abrir as conexões de escuta.

Gentileza é expressada pela conexão empática, pelo olhar validador, por palavras e gestos que incluem e reconhecem as pessoas.

Gentileza se origina em uma decisão, em uma deliberação consciente pelo cuidado consigo, com o outro e pelo fluxo de comunicação.

Falar com gentileza é ter consciência do impacto potencial causado no outro por palavras, gestos, expressões. E é, de fato, o entendimento de algo relativamente simples: afinal de contas, o que desejo que o outro entenda?  

Falar e escutar com gentileza, além de gerar economia do recurso sem reposição que é o tempo pode: fortalecer relacionamentos, viabilizar resultados, reduzir o estresse de ambientes e situações difíceis (a gentileza pode ser o canal de resposta rápida a crises!).

Falar e escutar com gentileza também é o que pode fortalecer o desenvolvimento das pessoas, nos seus diferentes ambientes. Comunidade familiar, empresas, escolas. A gentileza pode abrir espaços de compreensão e de acolhimento dos pensamentos complementares ou contraditórios.

Pequenos gestos gentis pode ser o início. Já pensou se, ao invés destes debates absurdos e violentos a que assistimos de vez em quando, as autoridades escolhessem um diálogo emocionalmente educado e juntos elaborassem projetos para a população? Já pensou se as ofensas e as falas violentas fossem substituídas por animados diálogos gentis e propositivos?

Ah, e antes que me esqueça: ser gentil não significa ser fraco ou condescendente, ou submisso, ou venal.

A gentileza é plantada na coragem e na decisão. Coragem de ouvir a si, entender seus motivos e coragem para expressar suas necessidades e expectativas gentilmente.

Como escrevi. Revolucionário, mas não muito inovador. Minha Vó Nenê, há tempos, já nos ensinava a gentileza: sendo gentil.

Última atualização
29/10/2023 19:42
Maku de Almeida
Analista transacional. É a colunista decana deste veículo.

Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22)

Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22)

Redação Cidade Capital
13/9/2024 11:00

O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. 

O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.

No Brasil, 90% acredita que redes sociais não protegem crianças

No Brasil, 90% acredita que redes sociais não protegem crianças

Redação Cidade Capital
13/9/2024 9:53

Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.

Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.

Opinião

Uma proposta revolucionária, mas não inovadora: a gentileza

Gentileza na comunicação: a arte de ouvir e falar com empatia. Aprender a sintonizar-se com o outro gera conexões, economiza tempo e fortalece relacionamentos.Gentileza na comunicação: a arte de ouvir e falar com empatia. Aprender a sintonizar-se com o outro gera conexões, economiza tempo e fortalece relacionamentos.
Annie Spratt
/
Unsplash
Maku de Almeida
Analista transacional. É a colunista decana deste veículo.
3/9/2023 15:06
Maku de Almeida

Uma proposta revolucionária, mas não inovadora: falar e escutar com gentileza

<span class="abre-texto">Transitando pela vida</span>, de um fenômeno humano a outro, meu olhar e minha atenção são atraídos para a coreografia dos relacionamentos. Suas complexidades, suas múltiplas dimensões. Uma delas parece-me especialmente central nos contatos humanos e bem por isso item muito lembrado nas análises das convivências. A maneira como as pessoas se comunicam ou deixam de se comunicar altera todo o processo vital que segue aquele momento, dure o tempo que durar.

Imagino a jornada de convivência como uma estrada na qual belezas e obstáculos se alternam. Conviver e contemplar pode ser a aventura de uma vida.

No entanto, é muito comum que os caminhantes sigam juntos por um tempo até que um equívoco no diálogo inicia um movimento divergente que pode escalar até a ruptura. Cada um pode iniciar sua caminhada solitária ao tomar um desvio, ou pior, seguem juntos em silêncio, uma espécie sofisticada de morte em vida. Sem expressar pensamentos, sentimentos ou necessidades e expectativas, estarão cada um à beira de variados colapsos, à busca de alianças com outras pessoas. Pois como humanos precisamos de contato, presença, validação, valorização, atenção, respostas!

Na minha percepção, diálogo não são só as palavras. São gestos, expressões, olhares – qualquer forma de contato. As palavras complementam ou complexificam o contato. A raposa, personagem do magnifico livro O pequeno príncipe, de Saint Exupéry, orienta o menino quanto ao caminho do “cativar”:

“Se tu queres um amigo, cativa-me! Que é preciso fazer? perguntou o principezinho. É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto”.

E espia só o mundo onde estamos! Correria, pressa, olhar grudado nos pequenos retângulos espelhados, atenção espalhada entre o que aconteceu e o que precisa acontecer já, agora, rápido. De vez em quando penso que dentre as inúmeras fantasias que envolvem e sedam os seres humanos, há uma relacionada ao tempo: que um dia, sabe lá quando, poderei prestar atenção aos meus companheiros de jornada, um dia poderei ouvir e perceber as pessoas à minha volta; um dia prestarei atenção em mim mesma e saberei quem sou e do que preciso.

E nestes redemoinhos enlouquecedores se perdem propósitos, projetos, pessoas, companhias e países.

O que fazer, afinal de contas?

Tenho uma proposta revolucionária, mas não inovadora. Gentileza é seu nome.

E não é algo que vem junto com o pacote humano, como acessório. Gentileza é aprendida. É repertório capturado pela criança ao observar e interagir com os adultos a sua volta.

Gentileza ao falar e gentileza ao ouvir supõem qualidade de presença. Supõem sintonização com as pessoas. Sintonizar é ajustar o canal, identificar e conectar o mundo de significados do outro e abrir as conexões de escuta.

Gentileza é expressada pela conexão empática, pelo olhar validador, por palavras e gestos que incluem e reconhecem as pessoas.

Gentileza se origina em uma decisão, em uma deliberação consciente pelo cuidado consigo, com o outro e pelo fluxo de comunicação.

Falar com gentileza é ter consciência do impacto potencial causado no outro por palavras, gestos, expressões. E é, de fato, o entendimento de algo relativamente simples: afinal de contas, o que desejo que o outro entenda?  

Falar e escutar com gentileza, além de gerar economia do recurso sem reposição que é o tempo pode: fortalecer relacionamentos, viabilizar resultados, reduzir o estresse de ambientes e situações difíceis (a gentileza pode ser o canal de resposta rápida a crises!).

Falar e escutar com gentileza também é o que pode fortalecer o desenvolvimento das pessoas, nos seus diferentes ambientes. Comunidade familiar, empresas, escolas. A gentileza pode abrir espaços de compreensão e de acolhimento dos pensamentos complementares ou contraditórios.

Pequenos gestos gentis pode ser o início. Já pensou se, ao invés destes debates absurdos e violentos a que assistimos de vez em quando, as autoridades escolhessem um diálogo emocionalmente educado e juntos elaborassem projetos para a população? Já pensou se as ofensas e as falas violentas fossem substituídas por animados diálogos gentis e propositivos?

Ah, e antes que me esqueça: ser gentil não significa ser fraco ou condescendente, ou submisso, ou venal.

A gentileza é plantada na coragem e na decisão. Coragem de ouvir a si, entender seus motivos e coragem para expressar suas necessidades e expectativas gentilmente.

Como escrevi. Revolucionário, mas não muito inovador. Minha Vó Nenê, há tempos, já nos ensinava a gentileza: sendo gentil.

Maku de Almeida
Analista transacional. É a colunista decana deste veículo.
Última atualização
29/10/2023 19:42

Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22)

Redação Cidade Capital
13/9/2024 11:00

O festival de música Rock in Rio inicia nesta sexta-feira (13) e segue até domingo (22) na Cidade do Rock, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. 

O evento completa 40 anos da sua primeira edição e promete uma celebração histórica. A organização espera receber mais de 700 mil pessoas, entre moradores do estado, turistas brasileiros e estrangeiros.

No Brasil, 90% acredita que redes sociais não protegem crianças

Redação Cidade Capital
13/9/2024 9:53

Pesquisa do Instituto Alana indica que nove em cada dez brasileiros acreditam que as redes sociais não protegem crianças e adolescentes. O levantamento, realizado pelo Datafolha, ouviu 2.009 pessoas, com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre os dias 12 e 18 de julho.

Segundo o estudo, divulgado nesta quinta-feira (12), 97% dos entrevistados defendem que as empresas deveriam adotar medidas para proteger crianças e adolescentes na internet, através da comprovação de identidade, melhoria no atendimento ao consumidor para denúncias, proibição de publicidade e venda para crianças, fim da reprodução automática e da rolagem infinita de vídeos e limitação de tempo de uso dos serviços.