Corrida para a Prefeitura de Curitiba

Opinião

Relato de experiência em monotipia com placa de gel para a Exposição Dez Oitava

Uma experiência em monotipia com placa de gel para a exposição Dez Oitava, realizada em 2020 no Espaço de Arte Francis Bacon — Museu Egípcio, em Curitiba.Uma experiência em monotipia com placa de gel para a exposição Dez Oitava, realizada em 2020 no Espaço de Arte Francis Bacon — Museu Egípcio, em Curitiba.
Ana Paula Picolo
/
Acervo pessoal
Monotipias com Gelli® Printing Plate.
Gracon

Conforme o Programa Saber Museus – Caminhos da Memória, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), o processo de criação de uma exposição desenvolve-se em três etapas: antes, durante e depois da exposição. Os procedimentos do antes envolvem a definição do local e data da exposição, sua duração, o público-alvo, os acervos que serão mobilizados e os recursos financeiros. Estabelece-se também o conceito da exposição, sua narrativa e identidade visual. Esta parte do processo é feita sob a orientação de um curador, assistido por uma equipe que executa a expografia. Nesta etapa, também se dá a divulgação da exposição. Durante a exposição, colocam-se em prática a montagem, a manutenção e a mediação ou ação educativa. O encerramento, que marca o depois da exposição, corresponde ao momento de desmontagem e de avaliação do trabalho desenvolvido.

As exposições são parte de um sistema de comunicação, com lógica e sentido próprios. Representam e comunicam histórias, tradições, movimentos artísticos, conhecimentos, modos de fazer e viver. O que torna uma exposição fascinante, na maior parte das vezes, é a vitalidade das linguagens colocadas em relação e não tanto o acervo em si.

Na exposição Dez Oitava, que ocorreu no Espaço de Arte Francis Bacon – Ordem Rosacruz Tutankhamon (Amorc) – Museu Egípcio, em Curitiba, o principal objetivo foi promover o reencontro de amigos que tinham se graduado na Escola de Música e Belas Artes do Paraná havia uma década. A exposição abriu ao público em março de 2020, mas, em consequência do início da pandemia de COVID-19, infelizmente, não teve visitação efetiva. Os oito artistas participantes apresentaram obras, produzidas durante uma década de trabalho, com significados particulares. A curadoria de Lucélia D'Roquett e Marcela Lobo facilitou o diálogo e a coesão do grupo.

As gravuras que apresentei nesta exposição foram monotipias criadas a partir de imagens femininas de revistas e catálogos, com dimensões entre A5 e A4, configuradas em séries, totalizando 28 peças. Aprecio a produção em série que utiliza material disponível e acessível. A combinação entre imagens contemporâneas modificadas tecnicamente e o uso de tintas favorece o surgimento de formas e cores que interferem na imagem produto. Interessa-me essa possibilidade de manipular o processo de impressão trabalhando de maneira livre e espontânea.

A técnica da monotipia permite a criação e reprodução de um desenho ou mancha de cor em uma prova única, daí o nome “mono-tipia”. A peça obtida não é um duplo fiel do desenho ou mancha original, pois na passagem para o papel (impressão), as tintas misturam-se, gerando efeitos imprevisíveis e imagens singulares. No meu caso, usei como matriz a Gelli® Printing Plate (placa de gel). Colocava um desenho, recorte ou trabalho gráfico já existente sobre ela, de modo a transferir a imagem para esse suporte. Depois, entintava a superfície da placa com um rolo de borracha e ia removendo a tinta ou, ao contrário, acrescentado. Enquanto a tinta estava úmida, pelo uso de ferramentas como cotonete, algodão, estopa, estêncil, carimbos e objetos com texturas, foi possível criar uma infinidade de padrões. Colocava, então, o papel sobre a placa e o pressionava delicadamente com os dedos. Retirava o papel para revelar a monotipia.

O processo de transferência da imagem para a placa de gel tem início com a aplicação, sobre a placa, de uma camada fina de tinta acrílica. A imagem já existente é posta, então, sobre a placa e permanece em contato com a tinta acrílica por um tempo. Após essa primeira impressão sobre a placa, é necessário esperar sua completa secagem para aplicar tinta novamente e, desse modo, transferir a imagem para outra superfície, de papel ou tecido. A placa de gel permite, ainda, a sobreposição de camadas de tintas, produzindo efeitos maravilhosos para as artes de monotipia, art journal (uma espécie de diário criativo) e manualidades diversas.

Monotipias com Gelli® Printing Plate.

Esta técnica da monotipia em placa de gel foi criada, em 2011, por uma dupla de mulheres norte-americanas, Joan Bess e Lou Ann Gleason. Elas eram apaixonadas por monotipia e artes híbridas e a busca por uma solução eficiente para facilitar a técnica levou-as ao desenvolvimento deste material, que não é perecível: as placas são reutilizáveis e podem ser armazenadas em temperatura ambiente. Elas também são fáceis de limpar e estão sempre prontas para impressão em diversos tamanhos e formatos.

Finalmente, participar da exposição Dez Oitava foi muito gratificante, pois, além de produzir arte, a reunião com o grupo fomentou a produção coletiva em prol da comemoração de seus dez anos de amizade.

Por Ana Paula Picolo.

Última atualização
1/12/2023 9:38
Gracon
Grupo de pesquisa em Gravura Contemporânea da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

Mortes por PMs quase dobram no início de 2024, em São Paulo

Mortes por PMs quase dobram no início de 2024, em São Paulo

Redação Cidade Capital
26/7/2024 10:02

O número de mortes causadas por policiais militares no estado de São Paulo quase dobraram em relação ao primeiro semestre de 2023. Neste ano, foram registrados 296 óbitos, contra 154 no mesmo período do ano passado.

As operações policiais na Baixada Santista, como a Operação Escudo e a Operação Verão, são apontadas como fatores para o aumento da violência policial.

Decisões diárias e reflexões sobre o caos interno

Decisões diárias e reflexões sobre o caos interno

Carolina Schmitz da Silva
26/7/2024 9:27

Nesses últimos dias, meu diálogo interno teve entusiasmadas e atrapalhadas conversas, diante de momentos de puro prazer e outros de tormenta pura. 

A vida segue, os tempos bons e os desafios se apresentam.

Opinião

Relato de experiência em monotipia com placa de gel para a Exposição Dez Oitava

Uma experiência em monotipia com placa de gel para a exposição Dez Oitava, realizada em 2020 no Espaço de Arte Francis Bacon — Museu Egípcio, em Curitiba.Uma experiência em monotipia com placa de gel para a exposição Dez Oitava, realizada em 2020 no Espaço de Arte Francis Bacon — Museu Egípcio, em Curitiba.
Ana Paula Picolo
/
Acervo pessoal
Monotipias com Gelli® Printing Plate.
Gracon
Grupo de pesquisa em Gravura Contemporânea da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
24/11/2023 9:07
Gracon

Relato de experiência em monotipia com placa de gel para a Dez Oitava

Conforme o Programa Saber Museus – Caminhos da Memória, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), o processo de criação de uma exposição desenvolve-se em três etapas: antes, durante e depois da exposição. Os procedimentos do antes envolvem a definição do local e data da exposição, sua duração, o público-alvo, os acervos que serão mobilizados e os recursos financeiros. Estabelece-se também o conceito da exposição, sua narrativa e identidade visual. Esta parte do processo é feita sob a orientação de um curador, assistido por uma equipe que executa a expografia. Nesta etapa, também se dá a divulgação da exposição. Durante a exposição, colocam-se em prática a montagem, a manutenção e a mediação ou ação educativa. O encerramento, que marca o depois da exposição, corresponde ao momento de desmontagem e de avaliação do trabalho desenvolvido.

As exposições são parte de um sistema de comunicação, com lógica e sentido próprios. Representam e comunicam histórias, tradições, movimentos artísticos, conhecimentos, modos de fazer e viver. O que torna uma exposição fascinante, na maior parte das vezes, é a vitalidade das linguagens colocadas em relação e não tanto o acervo em si.

Na exposição Dez Oitava, que ocorreu no Espaço de Arte Francis Bacon – Ordem Rosacruz Tutankhamon (Amorc) – Museu Egípcio, em Curitiba, o principal objetivo foi promover o reencontro de amigos que tinham se graduado na Escola de Música e Belas Artes do Paraná havia uma década. A exposição abriu ao público em março de 2020, mas, em consequência do início da pandemia de COVID-19, infelizmente, não teve visitação efetiva. Os oito artistas participantes apresentaram obras, produzidas durante uma década de trabalho, com significados particulares. A curadoria de Lucélia D'Roquett e Marcela Lobo facilitou o diálogo e a coesão do grupo.

As gravuras que apresentei nesta exposição foram monotipias criadas a partir de imagens femininas de revistas e catálogos, com dimensões entre A5 e A4, configuradas em séries, totalizando 28 peças. Aprecio a produção em série que utiliza material disponível e acessível. A combinação entre imagens contemporâneas modificadas tecnicamente e o uso de tintas favorece o surgimento de formas e cores que interferem na imagem produto. Interessa-me essa possibilidade de manipular o processo de impressão trabalhando de maneira livre e espontânea.

A técnica da monotipia permite a criação e reprodução de um desenho ou mancha de cor em uma prova única, daí o nome “mono-tipia”. A peça obtida não é um duplo fiel do desenho ou mancha original, pois na passagem para o papel (impressão), as tintas misturam-se, gerando efeitos imprevisíveis e imagens singulares. No meu caso, usei como matriz a Gelli® Printing Plate (placa de gel). Colocava um desenho, recorte ou trabalho gráfico já existente sobre ela, de modo a transferir a imagem para esse suporte. Depois, entintava a superfície da placa com um rolo de borracha e ia removendo a tinta ou, ao contrário, acrescentado. Enquanto a tinta estava úmida, pelo uso de ferramentas como cotonete, algodão, estopa, estêncil, carimbos e objetos com texturas, foi possível criar uma infinidade de padrões. Colocava, então, o papel sobre a placa e o pressionava delicadamente com os dedos. Retirava o papel para revelar a monotipia.

O processo de transferência da imagem para a placa de gel tem início com a aplicação, sobre a placa, de uma camada fina de tinta acrílica. A imagem já existente é posta, então, sobre a placa e permanece em contato com a tinta acrílica por um tempo. Após essa primeira impressão sobre a placa, é necessário esperar sua completa secagem para aplicar tinta novamente e, desse modo, transferir a imagem para outra superfície, de papel ou tecido. A placa de gel permite, ainda, a sobreposição de camadas de tintas, produzindo efeitos maravilhosos para as artes de monotipia, art journal (uma espécie de diário criativo) e manualidades diversas.

Monotipias com Gelli® Printing Plate.

Esta técnica da monotipia em placa de gel foi criada, em 2011, por uma dupla de mulheres norte-americanas, Joan Bess e Lou Ann Gleason. Elas eram apaixonadas por monotipia e artes híbridas e a busca por uma solução eficiente para facilitar a técnica levou-as ao desenvolvimento deste material, que não é perecível: as placas são reutilizáveis e podem ser armazenadas em temperatura ambiente. Elas também são fáceis de limpar e estão sempre prontas para impressão em diversos tamanhos e formatos.

Finalmente, participar da exposição Dez Oitava foi muito gratificante, pois, além de produzir arte, a reunião com o grupo fomentou a produção coletiva em prol da comemoração de seus dez anos de amizade.

Por Ana Paula Picolo.

Gracon
Grupo de pesquisa em Gravura Contemporânea da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
Última atualização
1/12/2023 9:38

Mortes por PMs quase dobram no início de 2024, em São Paulo

Redação Cidade Capital
26/7/2024 10:02

O número de mortes causadas por policiais militares no estado de São Paulo quase dobraram em relação ao primeiro semestre de 2023. Neste ano, foram registrados 296 óbitos, contra 154 no mesmo período do ano passado.

As operações policiais na Baixada Santista, como a Operação Escudo e a Operação Verão, são apontadas como fatores para o aumento da violência policial.

Decisões diárias e reflexões sobre o caos interno

Carolina Schmitz da Silva
26/7/2024 9:27

Nesses últimos dias, meu diálogo interno teve entusiasmadas e atrapalhadas conversas, diante de momentos de puro prazer e outros de tormenta pura. 

A vida segue, os tempos bons e os desafios se apresentam.