Corrida para a Prefeitura de Curitiba

Opinião

Ratinho Júnior candidato à Presidência faria bem ao Paraná

Descubra como Ratinho Júnior, com 79% de aprovação no Paraná, poderia impactar uma candidatura presidencial e o cenário político nacional.Descubra como Ratinho Júnior, com 79% de aprovação no Paraná, poderia impactar uma candidatura presidencial e o cenário político nacional.
Jonathan Campos
/
AEN
Vinícius Sgarbe

<span class="abre-texto">Ratinho Júnior está um pouco longe de ser</span> meu governador preferido, porque eu jamais tive a oportunidade de conversar uma linha com ele, ou tão somente vê-lo passar por perto. Sob o prisma de pessoas próximas e confiáveis, é um político suficiente, no sentido de demonstrar alguma sensibilidade política. Mas essa gente consegue ver as coisas boas de Bolsonaro com a mesma facilidade que baba de ódio por Lula. Fica uma cena estranha.

O estranhamento não consiste em ter uma preferência política, mas na decisão (consciente ou não) de não-diálogo com qualquer proposta que não tenha partido de si mesmo ou de seus grupos.

A generosidade ofertada a Ratinho perde força, esvai-se, em forma de bajulação. Meu argumento é de que o excesso de glórias seja, paradoxalmente, o grande detrator do governador e de seu governo.

A pouca imprensa que existe no estado foi levada à condição de “comunista”, em um fenômeno lento e progressivo, entre demonstrações humilhantes de que o jornalismo somente pode existir se for condescendente nos temas queridos do governador.

A história de sucesso favorita do secretariado é o arquétipo do homem pobre e trabalhador que chegou ao sucesso — uma mentira deslavada, em alguns casos. Há alguns anos, gravei uma entrevista com o vice Darci Piana no Salão Nobre do Palácio Iguaçu. O vídeo não foi bem recebido pela comunicação do governo, à época, por ter ficado “bom demais”. Qualquer estética não-povão estava proibida.

Seus súditos mais próximos são homens ricos, poderosos doadores de campanhas eleitorais, que já não se lembram da pobreza. Não há mal em enriquecer, há mal em nos aborrecer com histórias ruins de sítio, contra verdadeiras histórias maravilhosas de sítio.

O eleitorado, porém, ainda que por amostragem, pensa esmagadoramente ao contrário. Em pesquisa Quaest publicada na semana passada, Ratinho tem 79% de aprovação no Paraná — número que o aproxima de grandes sucessos nacionais. Uma disputa presidencial, nesse cenário, poderia ser muito útil por pelo menos duas razões.

A primeira é que o Paraná jamais se candidatou com a estratégia de realmente ganhar a Presidência  — evidentemente, a lamentável participação do senador Alvaro Dias não pode ser contada. As participações tinham aquele andar trôpego da manutenção da visibilidade. Enquanto a segunda é a submissão das ideias paranaenses-paranistas ao escrutínio nacional.

Genericamente, o paranismo é uma espécie de proto-República-de-Curitiba, uma versão ideológica do “Bicho do Paraná”. Um ufanismo estadual.

Essas ideias chegaram às artes plásticas, de modo que o que não falta no Paraná são quadros que retratam araucárias em paisagens vazias. Do ponto de vista artístico, o paranismo lembra o gênio da fotografia Ansel Adams, que produzia imagens violentamente belas a partir de seu isolamento. Adams gostava de troncos impassíveis em suas durezas.

Uma candidatura presidencial seria não somente uma maneira de descobrir, afinal de contas, o que o Paraná representa ou efetivamente contribui para uma ideia de país, mas também um refresco de jornalismo nacional sobre os feitos do governador. No limite, essa graça poderia levar o Paraná ao maior posto do país, o que, diante dos fatos recentes da política, não é exatamente impossível. Ressalve-se, porém, que uma conquista desse tamanho depende de apoios ainda não conquistados.

Última atualização
14/4/2024 21:36
Vinícius Sgarbe
Jornalista, analista transacional, e pesquisador.

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Maku de Almeida
19/5/2024 16:26

Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.

A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Jane Hir
19/5/2024 16:08

Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.

Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.

Opinião

Ratinho Júnior candidato à Presidência faria bem ao Paraná

Descubra como Ratinho Júnior, com 79% de aprovação no Paraná, poderia impactar uma candidatura presidencial e o cenário político nacional.Descubra como Ratinho Júnior, com 79% de aprovação no Paraná, poderia impactar uma candidatura presidencial e o cenário político nacional.
Jonathan Campos
/
AEN
Vinícius Sgarbe
Jornalista, analista transacional, e pesquisador.
14/4/2024 13:26
Vinícius Sgarbe

Ratinho Júnior candidato à Presidência faria bem ao Paraná

<span class="abre-texto">Ratinho Júnior está um pouco longe de ser</span> meu governador preferido, porque eu jamais tive a oportunidade de conversar uma linha com ele, ou tão somente vê-lo passar por perto. Sob o prisma de pessoas próximas e confiáveis, é um político suficiente, no sentido de demonstrar alguma sensibilidade política. Mas essa gente consegue ver as coisas boas de Bolsonaro com a mesma facilidade que baba de ódio por Lula. Fica uma cena estranha.

O estranhamento não consiste em ter uma preferência política, mas na decisão (consciente ou não) de não-diálogo com qualquer proposta que não tenha partido de si mesmo ou de seus grupos.

A generosidade ofertada a Ratinho perde força, esvai-se, em forma de bajulação. Meu argumento é de que o excesso de glórias seja, paradoxalmente, o grande detrator do governador e de seu governo.

A pouca imprensa que existe no estado foi levada à condição de “comunista”, em um fenômeno lento e progressivo, entre demonstrações humilhantes de que o jornalismo somente pode existir se for condescendente nos temas queridos do governador.

A história de sucesso favorita do secretariado é o arquétipo do homem pobre e trabalhador que chegou ao sucesso — uma mentira deslavada, em alguns casos. Há alguns anos, gravei uma entrevista com o vice Darci Piana no Salão Nobre do Palácio Iguaçu. O vídeo não foi bem recebido pela comunicação do governo, à época, por ter ficado “bom demais”. Qualquer estética não-povão estava proibida.

Seus súditos mais próximos são homens ricos, poderosos doadores de campanhas eleitorais, que já não se lembram da pobreza. Não há mal em enriquecer, há mal em nos aborrecer com histórias ruins de sítio, contra verdadeiras histórias maravilhosas de sítio.

O eleitorado, porém, ainda que por amostragem, pensa esmagadoramente ao contrário. Em pesquisa Quaest publicada na semana passada, Ratinho tem 79% de aprovação no Paraná — número que o aproxima de grandes sucessos nacionais. Uma disputa presidencial, nesse cenário, poderia ser muito útil por pelo menos duas razões.

A primeira é que o Paraná jamais se candidatou com a estratégia de realmente ganhar a Presidência  — evidentemente, a lamentável participação do senador Alvaro Dias não pode ser contada. As participações tinham aquele andar trôpego da manutenção da visibilidade. Enquanto a segunda é a submissão das ideias paranaenses-paranistas ao escrutínio nacional.

Genericamente, o paranismo é uma espécie de proto-República-de-Curitiba, uma versão ideológica do “Bicho do Paraná”. Um ufanismo estadual.

Essas ideias chegaram às artes plásticas, de modo que o que não falta no Paraná são quadros que retratam araucárias em paisagens vazias. Do ponto de vista artístico, o paranismo lembra o gênio da fotografia Ansel Adams, que produzia imagens violentamente belas a partir de seu isolamento. Adams gostava de troncos impassíveis em suas durezas.

Uma candidatura presidencial seria não somente uma maneira de descobrir, afinal de contas, o que o Paraná representa ou efetivamente contribui para uma ideia de país, mas também um refresco de jornalismo nacional sobre os feitos do governador. No limite, essa graça poderia levar o Paraná ao maior posto do país, o que, diante dos fatos recentes da política, não é exatamente impossível. Ressalve-se, porém, que uma conquista desse tamanho depende de apoios ainda não conquistados.

Vinícius Sgarbe
Jornalista, analista transacional, e pesquisador.
Última atualização
14/4/2024 21:36

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Eu e minhas circunstâncias à busca de propósito

Maku de Almeida
19/5/2024 16:26

Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.

A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Jane Hir
19/5/2024 16:08

Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.

Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.

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