<span class="abre-texto">Há um tempo, em um atendimento</span>, ao falar sobre a técnica pomodoro com uma cliente, a palavra Poka-yoke invadiu o meu pensamento e desde então estou refletindo sobre isso. Poka-yoke, que é traduzido como "à prova de erros", é uma ferramenta de qualidade, criada nos anos 60 por um engenheiro japonês chamado Shigeo Shingo, no sistema Toyota.
Soluções são pensadas e aplicadas para que o erro humano não ocorra no processo industrial e com isso, o custo com retrabalho seja reduzido. A reflexão que ocupou meu pensamento foi: qual será o nosso poka-yoke na vida? Será que conseguimos ter algum dispositivo interno que nos permita viver à prova de erros?
Acho que cheguei em uma equação impossível de ser resolvida, afinal, o erro é um dos principais caminhos para o aprendizado. Esse pensamento me leva a outra busca, afinal, o que é o erro? Segundo o dicionário Aurélio, o erro é um substantivo masculino, com diversas definições, uma em especial chamou a minha atenção: 5. Ausência de competência, de habilidade, de experiência; falta.
Se não tenho competência, habilidade ou experiência em determinada matéria da vida, certamente precisarei de tempo e ensaios ou tentativas para que meu cérebro assimile o jeito "certo" de fazer. A questão é, existe jeito certo de fazer quando estamos falando sobre a vida?
Se somos seres únicos, cada um com seu conjunto de experiências e estratégias de sobrevivência que nos trouxeram até aqui e nos ajudaram a dar conta dos diversos desafios da vida, certamente o erro fará parte do nosso dia a dia, das nossas relações.
Considerando tudo isso, existe um poka-yoke interno? Infelizmente não.
Mas posso ousar argumentar que o autoconhecimento pode descortinar o nosso olhar sobre a vida e nossas relações e, quando erramos, temos a oportunidade de lapidar e aprimorar nossas estratégias de sobrevivência. E também de tomar decisões autônomas, sem sermos reféns das circunstâncias e com tudo isso, podemos estabelecer relacionamentos (de qualquer natureza) verdadeiros, com permissão para errar, onde podemos todos os dias expressar a melhor versão de nós mesmos e darmos conta dos desafios que a matéria vida nos apresenta.
Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.
A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".
Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.
Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.
<span class="abre-texto">Há um tempo, em um atendimento</span>, ao falar sobre a técnica pomodoro com uma cliente, a palavra Poka-yoke invadiu o meu pensamento e desde então estou refletindo sobre isso. Poka-yoke, que é traduzido como "à prova de erros", é uma ferramenta de qualidade, criada nos anos 60 por um engenheiro japonês chamado Shigeo Shingo, no sistema Toyota.
Soluções são pensadas e aplicadas para que o erro humano não ocorra no processo industrial e com isso, o custo com retrabalho seja reduzido. A reflexão que ocupou meu pensamento foi: qual será o nosso poka-yoke na vida? Será que conseguimos ter algum dispositivo interno que nos permita viver à prova de erros?
Acho que cheguei em uma equação impossível de ser resolvida, afinal, o erro é um dos principais caminhos para o aprendizado. Esse pensamento me leva a outra busca, afinal, o que é o erro? Segundo o dicionário Aurélio, o erro é um substantivo masculino, com diversas definições, uma em especial chamou a minha atenção: 5. Ausência de competência, de habilidade, de experiência; falta.
Se não tenho competência, habilidade ou experiência em determinada matéria da vida, certamente precisarei de tempo e ensaios ou tentativas para que meu cérebro assimile o jeito "certo" de fazer. A questão é, existe jeito certo de fazer quando estamos falando sobre a vida?
Se somos seres únicos, cada um com seu conjunto de experiências e estratégias de sobrevivência que nos trouxeram até aqui e nos ajudaram a dar conta dos diversos desafios da vida, certamente o erro fará parte do nosso dia a dia, das nossas relações.
Considerando tudo isso, existe um poka-yoke interno? Infelizmente não.
Mas posso ousar argumentar que o autoconhecimento pode descortinar o nosso olhar sobre a vida e nossas relações e, quando erramos, temos a oportunidade de lapidar e aprimorar nossas estratégias de sobrevivência. E também de tomar decisões autônomas, sem sermos reféns das circunstâncias e com tudo isso, podemos estabelecer relacionamentos (de qualquer natureza) verdadeiros, com permissão para errar, onde podemos todos os dias expressar a melhor versão de nós mesmos e darmos conta dos desafios que a matéria vida nos apresenta.
Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.
A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".
Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.
Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.