Corrida para a Prefeitura de Curitiba

Opinião

Memórias de infância e o cuidado invisível do amor materno

Explorando o amor materno através das memórias de infância, destacando o valor das ações cotidianas de cuidado e a importância de reconhecer diversas formas de Explorando o amor materno através das memórias de infância, destacando o valor das ações cotidianas de cuidado e a importância de reconhecer diversas formas de
Arte Cidade Capital
/
Adobe Firefly
Jane Hir

Tenho visto recentemente nas redes sociais muitas alusões, feitas por pais ou avós carinhosos, a respeito da construção de boas memórias nas crianças. Tenho certeza da importância desse cuidado. Eu mesma coleciono lembranças que me vivificam como goles de água fresca na travessia dos momentos de aridez.

No entanto, percebi que nas muitas lembranças que tenho contado, poucas vezes aparece a minha mãe. Onde ela estava? A pergunta inesperada ecoa dentro de mim... Ela não contava histórias, não sentava pra brincar conosco. Ah! Em um relance consigo encontrá-la areando as panelas amassadas pelo uso e colocando-as orgulhosamente ao sol.

Esgueirando um pouco mais o olhar a vejo carregando água, balde grande assentado na rodilha de pano sobre a cabeça, ela ia longe, muito longe. Depois a água era coada em um tecido leve e alvo nas talhas de barro. Continuo a busca e a encontro catando o feijão para cozinhar no fogão a querosene, ou ainda em um demorado ritual amassando o feijão do almoço para a sopa da noite.

Agora, a vejo estendendo as roupas que acabou de lavar no tanque de pedra bruta... É bonito ver, sob o contraste do céu azul, a fileira de fraldas brancas do sétimo, ou talvez, do oitavo filho! E à noitinha enquanto a minha avó contava histórias, eu posso enxergá-la passando nossas vestes com o pesado ferro de brasas incandescentes acordando o cheiro da roupa limpa que secou ao sol.

Cuidado foi a linguagem do Amor da minha mãe. Ela estava a serviço de sua prole desde que o sol começava a surgir no horizonte até muito depois da chegada da noite. Era a primeira que levantava e a última que se deitava. Mesmo em uma época de serviços médicos tão precários ela nos levava pra vacinar em todas as campanhas e tinha uma rígida rotina de higiene.

As memórias vão chegando e a cada uma eu reverencio o seu infinito amor!  Nessa viagem à minha infância, não me recordo de diálogos ou brincadeiras com ela. Apenas escuto a sua voz nos abençoando toda noite: “Benção, mãe!” “Deus te abençoe!”  E a gente dormia confiante!

Muitas de nós mulheres contemporâneas não mais fazemos os trabalhos daquela época. Ingressamos, no entanto, em inúmeras outras demandas para manter os nossos filhos e não conseguimos tempo para a construção de memórias felizes. Apenas cuidamos, cuidamos, cuidamos...

Talvez fosse o caso de conversarmos sobre isso com nossos filhos adolescentes ou adultos. Talvez também, fosse o caso de educar nossas crianças para entenderem que o Amor se expressa por diferentes linguagens.

Última atualização
24/2/2024 19:45
Jane Hir
Mestra em Educação (UFPR); Professora de língua portuguesa; Especialista em Educação de Jovens e Adultos; Facilitadora de Práticas Restaurativas — Eseje (2017) e SCJR/Coonozco (2018); Especialista em Práticas Restaurativas, com enfoque em Direitos Humanos (PUCPR); Especialista em Neurociências, Psicologia Positiva e Mindfulness (PUCPR).

Mortes por PMs quase dobram no início de 2024, em São Paulo

Mortes por PMs quase dobram no início de 2024, em São Paulo

Redação Cidade Capital
26/7/2024 10:02

O número de mortes causadas por policiais militares no estado de São Paulo quase dobraram em relação ao primeiro semestre de 2023. Neste ano, foram registrados 296 óbitos, contra 154 no mesmo período do ano passado.

As operações policiais na Baixada Santista, como a Operação Escudo e a Operação Verão, são apontadas como fatores para o aumento da violência policial.

Decisões diárias e reflexões sobre o caos interno

Decisões diárias e reflexões sobre o caos interno

Carolina Schmitz da Silva
26/7/2024 9:27

Nesses últimos dias, meu diálogo interno teve entusiasmadas e atrapalhadas conversas, diante de momentos de puro prazer e outros de tormenta pura. 

A vida segue, os tempos bons e os desafios se apresentam.

Opinião

Memórias de infância e o cuidado invisível do amor materno

Explorando o amor materno através das memórias de infância, destacando o valor das ações cotidianas de cuidado e a importância de reconhecer diversas formas de Explorando o amor materno através das memórias de infância, destacando o valor das ações cotidianas de cuidado e a importância de reconhecer diversas formas de
Arte Cidade Capital
/
Adobe Firefly
Jane Hir
Mestra em Educação (UFPR); Professora de língua portuguesa; Especialista em Educação de Jovens e Adultos; Facilitadora de Práticas Restaurativas — Eseje (2017) e SCJR/Coonozco (2018); Especialista em Práticas Restaurativas, com enfoque em Direitos Humanos (PUCPR); Especialista em Neurociências, Psicologia Positiva e Mindfulness (PUCPR).
24/2/2024 15:49
Jane Hir

Memórias de infância e o cuidado invisível do amor materno

Tenho visto recentemente nas redes sociais muitas alusões, feitas por pais ou avós carinhosos, a respeito da construção de boas memórias nas crianças. Tenho certeza da importância desse cuidado. Eu mesma coleciono lembranças que me vivificam como goles de água fresca na travessia dos momentos de aridez.

No entanto, percebi que nas muitas lembranças que tenho contado, poucas vezes aparece a minha mãe. Onde ela estava? A pergunta inesperada ecoa dentro de mim... Ela não contava histórias, não sentava pra brincar conosco. Ah! Em um relance consigo encontrá-la areando as panelas amassadas pelo uso e colocando-as orgulhosamente ao sol.

Esgueirando um pouco mais o olhar a vejo carregando água, balde grande assentado na rodilha de pano sobre a cabeça, ela ia longe, muito longe. Depois a água era coada em um tecido leve e alvo nas talhas de barro. Continuo a busca e a encontro catando o feijão para cozinhar no fogão a querosene, ou ainda em um demorado ritual amassando o feijão do almoço para a sopa da noite.

Agora, a vejo estendendo as roupas que acabou de lavar no tanque de pedra bruta... É bonito ver, sob o contraste do céu azul, a fileira de fraldas brancas do sétimo, ou talvez, do oitavo filho! E à noitinha enquanto a minha avó contava histórias, eu posso enxergá-la passando nossas vestes com o pesado ferro de brasas incandescentes acordando o cheiro da roupa limpa que secou ao sol.

Cuidado foi a linguagem do Amor da minha mãe. Ela estava a serviço de sua prole desde que o sol começava a surgir no horizonte até muito depois da chegada da noite. Era a primeira que levantava e a última que se deitava. Mesmo em uma época de serviços médicos tão precários ela nos levava pra vacinar em todas as campanhas e tinha uma rígida rotina de higiene.

As memórias vão chegando e a cada uma eu reverencio o seu infinito amor!  Nessa viagem à minha infância, não me recordo de diálogos ou brincadeiras com ela. Apenas escuto a sua voz nos abençoando toda noite: “Benção, mãe!” “Deus te abençoe!”  E a gente dormia confiante!

Muitas de nós mulheres contemporâneas não mais fazemos os trabalhos daquela época. Ingressamos, no entanto, em inúmeras outras demandas para manter os nossos filhos e não conseguimos tempo para a construção de memórias felizes. Apenas cuidamos, cuidamos, cuidamos...

Talvez fosse o caso de conversarmos sobre isso com nossos filhos adolescentes ou adultos. Talvez também, fosse o caso de educar nossas crianças para entenderem que o Amor se expressa por diferentes linguagens.

Jane Hir
Mestra em Educação (UFPR); Professora de língua portuguesa; Especialista em Educação de Jovens e Adultos; Facilitadora de Práticas Restaurativas — Eseje (2017) e SCJR/Coonozco (2018); Especialista em Práticas Restaurativas, com enfoque em Direitos Humanos (PUCPR); Especialista em Neurociências, Psicologia Positiva e Mindfulness (PUCPR).
Última atualização
24/2/2024 19:45

Mortes por PMs quase dobram no início de 2024, em São Paulo

Redação Cidade Capital
26/7/2024 10:02

O número de mortes causadas por policiais militares no estado de São Paulo quase dobraram em relação ao primeiro semestre de 2023. Neste ano, foram registrados 296 óbitos, contra 154 no mesmo período do ano passado.

As operações policiais na Baixada Santista, como a Operação Escudo e a Operação Verão, são apontadas como fatores para o aumento da violência policial.

Decisões diárias e reflexões sobre o caos interno

Carolina Schmitz da Silva
26/7/2024 9:27

Nesses últimos dias, meu diálogo interno teve entusiasmadas e atrapalhadas conversas, diante de momentos de puro prazer e outros de tormenta pura. 

A vida segue, os tempos bons e os desafios se apresentam.