Já faz algum tempo (acredito que esse seja um presente do envelhecimento) que venho aprendendo a saborear os momentos vividos. É como se relesse com atenção uma parte da história que ainda estou construindo.
Há duas semanas, escrevi sobre a apresentação do livro Memórias de chá, escrito pelas educandas do Centro de Integração Social (CIS). Nesse evento, uma cena se destaca entre as minhas lembranças: a diretora da unidade presta uma linda homenagem ao seu pai para representar, naquele momento, o leitor.
Além do gesto de afeto, chamou-me a atenção contar naquele encontro de validação da escrita de si, com a representação simbólica do leitor.
No ato da escrita, o leitor é o destinatário da mensagem. Imaginário ou real, é para ele que escrevemos.
Na seara de ensinar a escrever, seja para os processos seletivos, seja para possibilitar um encontro com as memórias, sentimentos ou percepções do mundo, na perspectiva de ressignificar o ser e estar aqui e agora, o leitor é o porto para o qual as embarcações do texto acorrem.
Há, com certeza, uma negociação de sentidos a ser feita para que a mensagem alcance seu objetivo e, para além da definição do gênero, também se instaura no processo da escrita um capcioso jogo de esconde e mostra.
A escrita de si, quando mobilizada pelas memórias, apesar de, às vezes, autobiográfica, necessariamente atravessa o portal da interpretação de um outro eu.
O fato vivido é, no ato da escrita, o resultado interpretativo do eu de agora. Como disse Heráclito: Nenhum homem pode se banhar no mesmo rio duas vezes, pois na segunda vez, nem o homem, nem o rio são os mesmos.
Assim, a escrita é, em verdade, o resultado de uma primeira leitura, muitas vezes inconsciente nos relatos autobiográficos e outras vezes, consciente e crítica quando precisamos ajustar o discurso aos enunciados propostos.
Esse processo de interpretar o que somos, pensamos, sonhamos, com que concordamos e discordamos que se apresenta na escrita também está presente na vida. No texto, usamos as palavras para deixar nossa marca, na vida, o texto somos nós.
Na releitura daquela tarde, a presença do leitor representada por uma pessoa que muito caminhou me fez pensar no compromisso que temos. Mais cedo ou mais tarde, seremos uma página escrita no livro da vida. O que deixaremos como legado? Qual será a mensagem de nosso canto?
O número de mortes causadas por policiais militares no estado de São Paulo quase dobraram em relação ao primeiro semestre de 2023. Neste ano, foram registrados 296 óbitos, contra 154 no mesmo período do ano passado.
As operações policiais na Baixada Santista, como a Operação Escudo e a Operação Verão, são apontadas como fatores para o aumento da violência policial.
Nesses últimos dias, meu diálogo interno teve entusiasmadas e atrapalhadas conversas, diante de momentos de puro prazer e outros de tormenta pura.
A vida segue, os tempos bons e os desafios se apresentam.
Já faz algum tempo (acredito que esse seja um presente do envelhecimento) que venho aprendendo a saborear os momentos vividos. É como se relesse com atenção uma parte da história que ainda estou construindo.
Há duas semanas, escrevi sobre a apresentação do livro Memórias de chá, escrito pelas educandas do Centro de Integração Social (CIS). Nesse evento, uma cena se destaca entre as minhas lembranças: a diretora da unidade presta uma linda homenagem ao seu pai para representar, naquele momento, o leitor.
Além do gesto de afeto, chamou-me a atenção contar naquele encontro de validação da escrita de si, com a representação simbólica do leitor.
No ato da escrita, o leitor é o destinatário da mensagem. Imaginário ou real, é para ele que escrevemos.
Na seara de ensinar a escrever, seja para os processos seletivos, seja para possibilitar um encontro com as memórias, sentimentos ou percepções do mundo, na perspectiva de ressignificar o ser e estar aqui e agora, o leitor é o porto para o qual as embarcações do texto acorrem.
Há, com certeza, uma negociação de sentidos a ser feita para que a mensagem alcance seu objetivo e, para além da definição do gênero, também se instaura no processo da escrita um capcioso jogo de esconde e mostra.
A escrita de si, quando mobilizada pelas memórias, apesar de, às vezes, autobiográfica, necessariamente atravessa o portal da interpretação de um outro eu.
O fato vivido é, no ato da escrita, o resultado interpretativo do eu de agora. Como disse Heráclito: Nenhum homem pode se banhar no mesmo rio duas vezes, pois na segunda vez, nem o homem, nem o rio são os mesmos.
Assim, a escrita é, em verdade, o resultado de uma primeira leitura, muitas vezes inconsciente nos relatos autobiográficos e outras vezes, consciente e crítica quando precisamos ajustar o discurso aos enunciados propostos.
Esse processo de interpretar o que somos, pensamos, sonhamos, com que concordamos e discordamos que se apresenta na escrita também está presente na vida. No texto, usamos as palavras para deixar nossa marca, na vida, o texto somos nós.
Na releitura daquela tarde, a presença do leitor representada por uma pessoa que muito caminhou me fez pensar no compromisso que temos. Mais cedo ou mais tarde, seremos uma página escrita no livro da vida. O que deixaremos como legado? Qual será a mensagem de nosso canto?
O número de mortes causadas por policiais militares no estado de São Paulo quase dobraram em relação ao primeiro semestre de 2023. Neste ano, foram registrados 296 óbitos, contra 154 no mesmo período do ano passado.
As operações policiais na Baixada Santista, como a Operação Escudo e a Operação Verão, são apontadas como fatores para o aumento da violência policial.
Nesses últimos dias, meu diálogo interno teve entusiasmadas e atrapalhadas conversas, diante de momentos de puro prazer e outros de tormenta pura.
A vida segue, os tempos bons e os desafios se apresentam.