Este texto abordará gravuras que tenho realizado desde 2020 na técnica de xilogravura com temática LGBTQIAP+, em repúdio ao elevado índice de mortes desta população em nosso país, que é o maior do mundo. De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB) e a Aliança Nacional LGBTI+, por exemplo, no ano de 2021, ocorreu uma morte a cada 29 horas.
Mostrarei, na sequência, como essa parcela da população é invisibilizada e marginalizada por causa do preconceito. Abordarei também as problemáticas que me fizeram realizar as imagens, bem como os métodos adotados e as dificuldades encontradas durante o processo de criação.
A série de xilogravuras Invisibilidade Não foi criada a partir do desejo de dar visibilidade a uma parcela da população que, de fato, parece não existir. Pessoas para quem as ruas, a escola e até mesmo o ambiente familiar não são, com frequência, espaços seguros.
Alguns temas trabalhados nas gravuras da série são a existência conflituosa entre o corpo e a imagem, os olhares de julgamento e as notícias de que pessoas LGBTQIAP+ foram espancadas ou mortas. Ao realizar os desenhos e, depois, o entalhe da madeira para a confecção da matriz, tive uma sensação de que aquelas imagens não deveriam ser produzidas, mas logo passou, pois a proposta era justamente esta: mostrar, dar visibilidade.
Nos anos 1960, a cultura pop é apropriada pelo mundo da arte, levando os críticos da época a definirem os artistas dessa nova onda como “novos vulgares”, “mastigadores de chicletes” e “delinquentes rebaixando a arte ao nível de não arte”. Diante do cenário pluricultural que as grandes metrópoles apresentavam, a comunidade gay começava a ser vista de outra forma e, assim, os jovens homossexuais, do mesmo modo que os heterossexuais, buscavam uma identidade cultural própria, por meio da música, da moda e do vocabulário. Apesar dessa abertura, os novos bares gays foram construídos nas periferias, longe das famílias “de bons costumes” — é nesse contexto que as drag queens ressurgem.
Uma drag queen é uma personagem, não uma orientação sexual, nem uma identidade de gênero (equivale ao “T”, de travestis, ao lado de transgêneros e transsexuais, da sigla LGBTQIAP+). Assim, mesmo que as drags circulem e se apresentem, em sua maioria, em ambientes de cultura gay, a forma artística em si que configuram não está diretamente relacionada ao conceito de identidade de gênero ou orientação sexual.
Minhas principais referências para a produção da série Invisibilidade Não foram Torii Kiyonaga e Linga Acácio. Kiyonaga trabalhou com a técnica de xilogravura japonesa conhecida como Ukiyo-e. Destaco, em especial, as expressões irônicas das personagens no díptico Mulheres no Bairro dos Prazeres, datado entre o fim do século XVIII e início do XIX. Acácio, por sua vez, aborda em sua obra a dissidência de gênero e as implicações entre corpo e espaço nos processos de resistência, de modo a expandir noções do humano que marginalizam vivências não hetero, não branca e não cis.
Outra inspiração para a realização da série foi o artista Francisco de Goya y Lucientes, que não se eximiu, no século XVIII, de retratar as mazelas sociais. Na série de gravuras Os Caprichos, por exemplo, ele misturou com ironia cenas do cotidiano da Espanha setecentista e figuras mitológicas, como demônios e bruxas.
Minhas gravuras Esquartejado no cimento, bem como Perfurações de faca e marca de um X nas costas, foram realizadas para demonstrar a violência contra os grupos LGBTQIAP+ no Brasil. Sim, aqui existe homotransfobia e ela mata. A criação das imagens se deu a partir de notícias e reportagens em que LGBTQIAP+ foram brutalmente assassinados. As obras Drag kings e Crossdressers também representam a existência dessas pessoas, que estão em nossa sociedade há séculos, como mostram histórias das mitologias grega, nórdica e hindu, entre muitas outras.
A série Invisibilidade Não libertou-me ao me permitir falar sobre a pluralidade, chamando, de algum modo, a atenção para a urgência de políticas públicas que incluam os diversos grupos minoritários e garantam pautas fundamentais que os protejam por lei. Por isso, não podemos nos deixar invisibilizar! A arte é luta, é política e nunca para, está em constante transformação. Criar essas gravuras foi transmitir um conhecimento de existência e um sentido de pertencimento.
Por Werner Krüger.
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.
Este texto abordará gravuras que tenho realizado desde 2020 na técnica de xilogravura com temática LGBTQIAP+, em repúdio ao elevado índice de mortes desta população em nosso país, que é o maior do mundo. De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB) e a Aliança Nacional LGBTI+, por exemplo, no ano de 2021, ocorreu uma morte a cada 29 horas.
Mostrarei, na sequência, como essa parcela da população é invisibilizada e marginalizada por causa do preconceito. Abordarei também as problemáticas que me fizeram realizar as imagens, bem como os métodos adotados e as dificuldades encontradas durante o processo de criação.
A série de xilogravuras Invisibilidade Não foi criada a partir do desejo de dar visibilidade a uma parcela da população que, de fato, parece não existir. Pessoas para quem as ruas, a escola e até mesmo o ambiente familiar não são, com frequência, espaços seguros.
Alguns temas trabalhados nas gravuras da série são a existência conflituosa entre o corpo e a imagem, os olhares de julgamento e as notícias de que pessoas LGBTQIAP+ foram espancadas ou mortas. Ao realizar os desenhos e, depois, o entalhe da madeira para a confecção da matriz, tive uma sensação de que aquelas imagens não deveriam ser produzidas, mas logo passou, pois a proposta era justamente esta: mostrar, dar visibilidade.
Nos anos 1960, a cultura pop é apropriada pelo mundo da arte, levando os críticos da época a definirem os artistas dessa nova onda como “novos vulgares”, “mastigadores de chicletes” e “delinquentes rebaixando a arte ao nível de não arte”. Diante do cenário pluricultural que as grandes metrópoles apresentavam, a comunidade gay começava a ser vista de outra forma e, assim, os jovens homossexuais, do mesmo modo que os heterossexuais, buscavam uma identidade cultural própria, por meio da música, da moda e do vocabulário. Apesar dessa abertura, os novos bares gays foram construídos nas periferias, longe das famílias “de bons costumes” — é nesse contexto que as drag queens ressurgem.
Uma drag queen é uma personagem, não uma orientação sexual, nem uma identidade de gênero (equivale ao “T”, de travestis, ao lado de transgêneros e transsexuais, da sigla LGBTQIAP+). Assim, mesmo que as drags circulem e se apresentem, em sua maioria, em ambientes de cultura gay, a forma artística em si que configuram não está diretamente relacionada ao conceito de identidade de gênero ou orientação sexual.
Minhas principais referências para a produção da série Invisibilidade Não foram Torii Kiyonaga e Linga Acácio. Kiyonaga trabalhou com a técnica de xilogravura japonesa conhecida como Ukiyo-e. Destaco, em especial, as expressões irônicas das personagens no díptico Mulheres no Bairro dos Prazeres, datado entre o fim do século XVIII e início do XIX. Acácio, por sua vez, aborda em sua obra a dissidência de gênero e as implicações entre corpo e espaço nos processos de resistência, de modo a expandir noções do humano que marginalizam vivências não hetero, não branca e não cis.
Outra inspiração para a realização da série foi o artista Francisco de Goya y Lucientes, que não se eximiu, no século XVIII, de retratar as mazelas sociais. Na série de gravuras Os Caprichos, por exemplo, ele misturou com ironia cenas do cotidiano da Espanha setecentista e figuras mitológicas, como demônios e bruxas.
Minhas gravuras Esquartejado no cimento, bem como Perfurações de faca e marca de um X nas costas, foram realizadas para demonstrar a violência contra os grupos LGBTQIAP+ no Brasil. Sim, aqui existe homotransfobia e ela mata. A criação das imagens se deu a partir de notícias e reportagens em que LGBTQIAP+ foram brutalmente assassinados. As obras Drag kings e Crossdressers também representam a existência dessas pessoas, que estão em nossa sociedade há séculos, como mostram histórias das mitologias grega, nórdica e hindu, entre muitas outras.
A série Invisibilidade Não libertou-me ao me permitir falar sobre a pluralidade, chamando, de algum modo, a atenção para a urgência de políticas públicas que incluam os diversos grupos minoritários e garantam pautas fundamentais que os protejam por lei. Por isso, não podemos nos deixar invisibilizar! A arte é luta, é política e nunca para, está em constante transformação. Criar essas gravuras foi transmitir um conhecimento de existência e um sentido de pertencimento.
Por Werner Krüger.
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.