<span class="abre-texto">Gosto de passear pelo parque etimológico</span> das palavras, pois, na raiz da constituição dos vocábulos, é possível detectar o nascer da brincadeira humana que nos irmana na socialização: a articulação da subjetividade no circuito mental, advinda das percepções pessoais baseadas nas emoções e opiniões do indivíduo, e a inter-relação entre sujeito-sujeito e sujeito-objeto.
Vinculamo-nos todos por habitar esse universo infinito de dizeres – submersos, ocultos, continuadamente gestados e amalgamados, não-ditos, possibilitáveis – em que cada um adentra no iniciático ou costumeiro contato com a linguagem.
Nascemos enquanto sujeitos quando passamos a construir relações simbólicas com o ambiente externo, embora antes tenhamos mergulhados na voz de diversos falantes: primeiramente ouvindo sem responder (ao sermos afetados no estado fetal); após, sendo capturados como ouvintes e nomeados pelo discurso de alguém; e, a seguir, entrando no jogo de unir-se à língua e se fazer escutar – ainda que inicialmente estivéssemos a ouvir e a repetir ditos, imersos no lalangue lacaniano. Só mais adiante passamos a ingressar, enquanto emissor, no instigante gira-gira do brincar reflexivo e semântico.
A diversidade de sentido das palavras nos ronda e nos seduz.
Entrelaçamos – via sistema límbico – pulsões (de vida e de morte), reações e sensações que seguem, ao longo do desenvolvimento psíquico, a centros de comando mentais mais aptos a processamentos mais singulares, porém altamente integrativos, suscitando leituras, ideias, sentimentos e pensamentos, obviamente atendendo a processos sinápticos vulneráveis a registros capturados tanto no meio interno do ser como do ambiente externo.
O que equivale a dizer que cada sujeito edifica uma torre de babel em si mesmo, e passará a vida inteira buscando se compreender.
Isso encontra eco ao considerarmos o gigante desafio do homem (inserido no contexto histórico-cultural) em se distanciar das clivagens e mal-entendidos a transitarem os corredores de seu psiquismo para, em busca da homeostase, harmonizar-se diante do desagradável, do vazio (do lugar sem objeto), do nada (esse algo enigmático relacionado ao sentido) e da falta (frustração, privação, castração).
É inconteste que desde cedo todos temos de aprender a lidar – bem ou mal – com frustrações e incompletudes decorrentes do convívio e do intercâmbio comunicativo. Como bem sabemos, o Outro – a nos habitar, a preceder-se e a exceder-se ao Eu, e, por isso mesmo, a nos traumatizar – insistentemente ressoa vozes incompreendidas pelo ego, embaralhando sentidos à escuta emocional e ao desenvolvimento cognitivo.
O fato é que há no dizer, mesmo no dizer qualquer, algo que fermenta no interno da psiquê, buscando saída e extravaso ao desejo e à dor do que, embora grite, não consegue se responder por dentro.
Mesmo ante a diversidade de conexões possíveis, o ser social segue carregando, sob a forma de memórias e recalcamentos, uma inigualável mochila de articulações (emocionais, sociais, culturais, mentais, linguísticas, identitárias, significativas) em um espaço aberto ao novo, no qual irá vislumbrar infinitas gangorras interpretativas.
Nas interações objetais, experiências e aprendizados se apresentam e se revezam, suscitando mais referências, sintomas, desejos, escolhas, necessidades.
É sempre bom lembrar que, construindo-se em essência no terreno do lúdico, o sujeito adentra espaços desenhando uma lógica própria, em fantasia, dando margem ao simbólico; após, nas asas do imaginário, abre janelas neuronais às invenções, ao devaneio e à atividade criativa.
Passagens do concreto ao abstrato vão surgindo paulatina e paralelamente ao desenvolvimento infanto-juvenil para, no adolescer, permitir novos jogos na articulação do pensamento e do sentir (individual e coletivo), em formatos de realidade e do Real.
Logo, carecemos todos desse brincar dialógico: enveredar subjetivamente nos rodopios da linguagem para nos buscar, em esconde-esconde, nas milhares de falas internas. E nos permitir escorregar – eu e os outros que falam pra/em/por/de mim – da palavra intrapsíquica à intersubjetividade.
O número de mortes causadas por policiais militares no estado de São Paulo quase dobraram em relação ao primeiro semestre de 2023. Neste ano, foram registrados 296 óbitos, contra 154 no mesmo período do ano passado.
As operações policiais na Baixada Santista, como a Operação Escudo e a Operação Verão, são apontadas como fatores para o aumento da violência policial.
Nesses últimos dias, meu diálogo interno teve entusiasmadas e atrapalhadas conversas, diante de momentos de puro prazer e outros de tormenta pura.
A vida segue, os tempos bons e os desafios se apresentam.
<span class="abre-texto">Gosto de passear pelo parque etimológico</span> das palavras, pois, na raiz da constituição dos vocábulos, é possível detectar o nascer da brincadeira humana que nos irmana na socialização: a articulação da subjetividade no circuito mental, advinda das percepções pessoais baseadas nas emoções e opiniões do indivíduo, e a inter-relação entre sujeito-sujeito e sujeito-objeto.
Vinculamo-nos todos por habitar esse universo infinito de dizeres – submersos, ocultos, continuadamente gestados e amalgamados, não-ditos, possibilitáveis – em que cada um adentra no iniciático ou costumeiro contato com a linguagem.
Nascemos enquanto sujeitos quando passamos a construir relações simbólicas com o ambiente externo, embora antes tenhamos mergulhados na voz de diversos falantes: primeiramente ouvindo sem responder (ao sermos afetados no estado fetal); após, sendo capturados como ouvintes e nomeados pelo discurso de alguém; e, a seguir, entrando no jogo de unir-se à língua e se fazer escutar – ainda que inicialmente estivéssemos a ouvir e a repetir ditos, imersos no lalangue lacaniano. Só mais adiante passamos a ingressar, enquanto emissor, no instigante gira-gira do brincar reflexivo e semântico.
A diversidade de sentido das palavras nos ronda e nos seduz.
Entrelaçamos – via sistema límbico – pulsões (de vida e de morte), reações e sensações que seguem, ao longo do desenvolvimento psíquico, a centros de comando mentais mais aptos a processamentos mais singulares, porém altamente integrativos, suscitando leituras, ideias, sentimentos e pensamentos, obviamente atendendo a processos sinápticos vulneráveis a registros capturados tanto no meio interno do ser como do ambiente externo.
O que equivale a dizer que cada sujeito edifica uma torre de babel em si mesmo, e passará a vida inteira buscando se compreender.
Isso encontra eco ao considerarmos o gigante desafio do homem (inserido no contexto histórico-cultural) em se distanciar das clivagens e mal-entendidos a transitarem os corredores de seu psiquismo para, em busca da homeostase, harmonizar-se diante do desagradável, do vazio (do lugar sem objeto), do nada (esse algo enigmático relacionado ao sentido) e da falta (frustração, privação, castração).
É inconteste que desde cedo todos temos de aprender a lidar – bem ou mal – com frustrações e incompletudes decorrentes do convívio e do intercâmbio comunicativo. Como bem sabemos, o Outro – a nos habitar, a preceder-se e a exceder-se ao Eu, e, por isso mesmo, a nos traumatizar – insistentemente ressoa vozes incompreendidas pelo ego, embaralhando sentidos à escuta emocional e ao desenvolvimento cognitivo.
O fato é que há no dizer, mesmo no dizer qualquer, algo que fermenta no interno da psiquê, buscando saída e extravaso ao desejo e à dor do que, embora grite, não consegue se responder por dentro.
Mesmo ante a diversidade de conexões possíveis, o ser social segue carregando, sob a forma de memórias e recalcamentos, uma inigualável mochila de articulações (emocionais, sociais, culturais, mentais, linguísticas, identitárias, significativas) em um espaço aberto ao novo, no qual irá vislumbrar infinitas gangorras interpretativas.
Nas interações objetais, experiências e aprendizados se apresentam e se revezam, suscitando mais referências, sintomas, desejos, escolhas, necessidades.
É sempre bom lembrar que, construindo-se em essência no terreno do lúdico, o sujeito adentra espaços desenhando uma lógica própria, em fantasia, dando margem ao simbólico; após, nas asas do imaginário, abre janelas neuronais às invenções, ao devaneio e à atividade criativa.
Passagens do concreto ao abstrato vão surgindo paulatina e paralelamente ao desenvolvimento infanto-juvenil para, no adolescer, permitir novos jogos na articulação do pensamento e do sentir (individual e coletivo), em formatos de realidade e do Real.
Logo, carecemos todos desse brincar dialógico: enveredar subjetivamente nos rodopios da linguagem para nos buscar, em esconde-esconde, nas milhares de falas internas. E nos permitir escorregar – eu e os outros que falam pra/em/por/de mim – da palavra intrapsíquica à intersubjetividade.
O número de mortes causadas por policiais militares no estado de São Paulo quase dobraram em relação ao primeiro semestre de 2023. Neste ano, foram registrados 296 óbitos, contra 154 no mesmo período do ano passado.
As operações policiais na Baixada Santista, como a Operação Escudo e a Operação Verão, são apontadas como fatores para o aumento da violência policial.
Nesses últimos dias, meu diálogo interno teve entusiasmadas e atrapalhadas conversas, diante de momentos de puro prazer e outros de tormenta pura.
A vida segue, os tempos bons e os desafios se apresentam.