<span class="abre-texto">Frente às reiteradas ocorrências nada honrosas</span> observadas em nosso quadro político, não consegui me furtar a falar sobre ética e a falta de transparência vinda de nossos dirigentes.
Acerca de seu significado, podemos recorrer à definição proposta pelo jornalista, filósofo e professor na Área de Ética da Escola de Comunicações e Artes da USP Clóvis de Barros Filho: ética é uma inteligência compartilhada, à serviço do aperfeiçoamento da convivência humana, sendo universal sobre certos aspectos, mas que sofre modificações ao longo do tempo.
Neste sentido, apesar da ética tangenciar o conceito de moral, dela se diferencia. Para ele, ética tem a ver com preceitos que estruturam a melhor maneira de viver em dada comunidade e em determinado momento histórico, sendo, portanto, intersubjetiva (sempre de um grupo), enquanto moral seria o exercício da obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos e, assim, intrassubjetiva (individual), ou seja, a prática individual de princípios éticos.
Assim, se ética está atrelada ao aperfeiçoamento da convivência humana, escolhas éticas, ainda que dependentes das circunstâncias, deveriam se pautar nesta premissa ética, de obediência espontânea aos princípios do bem comum a esta convivência.
Mas é o respeito a este princípio que observamos na maior parte das ações de nossos representantes políticos? Tomemos, como exemplo, a recente decisão da câmara, referente à PEC da Anistia. Um perdão completo, dado por eles próprios, a todas as irregularidades e condenações de seus partidos políticos e campanhas eleitorais, para além do já inaceitável descumprimento de cotas raciais nas últimas eleições, num claro retrocesso na transparência e responsabilização destes mesmos partidos que deveriam minimamente se pautar pela ética e não descaradamente pelos interesses exclusivos que dizem respeito apenas a eles, de forma corporativista.
Quando sabemos quão importante é a representatividade da sociedade, para que a democracia possa ser um exercício pautado na ética, este tipo de votação e resultado é, de fato, um tapa na cara.
Não quero passar por romântica, idealista – evidente que existem interesses de toda ordem no jogo democrático e que democracia, ainda que não seja uma perfeição, continua sendo a melhor forma de governo, ao menos para mais de 70% da população brasileira, segundo o Datafolha, ao qual eu me junto.
Mas será que atitudes como estas colaboram com a construção de uma sociedade mais ética, minimamente igualitária? Creio que já passou da hora de nossos representantes, tanto da direita quanto da esquerda, preocuparem-se um pouco menos com seus interesses comezinhos e se voltarem, ao menos um pouquinho, ao atendimento daqueles que mais precisam.
Como diria Luiz Felipe Pondé, há um ano atrás, no programa Linhas Cruzadas, da TV Cultura: “...a classe política brasileira é muito disfuncional porque ela opera excessivamente de costas para os representados...e os mecanismos que a obrigariam a prestar contas daquilo que ela faz, no sistema brasileiro não funcionam...numa tendência a privatizar o público...e usá-lo para tirar vantagens para o próprio partido ou grupo...o que impacta sua funcionalidade...não que outros países também não derrapem neste quesito..., mas parece que conseguiram chegar num ponto de checagem maior das disfuncionalidades, o que tem a ver com nível de formação da população, nível de ferramentas de produção de transparência e acesso à mídia profissional”.
Portanto, assim como a forte mobilização da sociedade, despertada pela PL do aborto (ou do estuprador, como também foi identificada), que acabou por produzir um efeito sobre seus defensores, seria muito interessante que algo se repetisse, neste sentido, em relação a esta PEC descabida. Torço por isto.
A área destinada ao cultivo de soja no Brasil cresceu quase dez vezes entre 1985 e 2023, passando de 4,4 milhões para 40 milhões de hectares, o que corresponde a 14% de toda a área agropecuária do país.
Os dados divulgados pela rede MapBiomas nesta sexta-feira (6) mostram que, no período inicial analisado, de 1985 a 2008, a plantação de soja expandiu sobre 18 milhões de hectares, dos quais 30% (5,7 milhões de hectares) substituíram vegetação nativa e 26% (5 milhões de hectares) resultaram da conversão de pastagens.
O Pix, serviço de pagamento instantâneo do Banco Central (BC), é o meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros, segundo dados do estudo O Brasileiro e sua Relação com o Dinheiro, divulgado nesta quarta-feira (4). Após quatro anos de lançamento, a ferramenta supera as transações com dinheiro em espécie.
A pesquisa indica que o Pix é utilizado por 76,4% da população, além de ser aquela utilizada com maior frequência para 46% dos entrevistados. Em 2021, quando o serviço estava em operação havia poucos meses, a adesão era de 46%, mas apenas 17% o usavam com frequência.
<span class="abre-texto">Frente às reiteradas ocorrências nada honrosas</span> observadas em nosso quadro político, não consegui me furtar a falar sobre ética e a falta de transparência vinda de nossos dirigentes.
Acerca de seu significado, podemos recorrer à definição proposta pelo jornalista, filósofo e professor na Área de Ética da Escola de Comunicações e Artes da USP Clóvis de Barros Filho: ética é uma inteligência compartilhada, à serviço do aperfeiçoamento da convivência humana, sendo universal sobre certos aspectos, mas que sofre modificações ao longo do tempo.
Neste sentido, apesar da ética tangenciar o conceito de moral, dela se diferencia. Para ele, ética tem a ver com preceitos que estruturam a melhor maneira de viver em dada comunidade e em determinado momento histórico, sendo, portanto, intersubjetiva (sempre de um grupo), enquanto moral seria o exercício da obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos e, assim, intrassubjetiva (individual), ou seja, a prática individual de princípios éticos.
Assim, se ética está atrelada ao aperfeiçoamento da convivência humana, escolhas éticas, ainda que dependentes das circunstâncias, deveriam se pautar nesta premissa ética, de obediência espontânea aos princípios do bem comum a esta convivência.
Mas é o respeito a este princípio que observamos na maior parte das ações de nossos representantes políticos? Tomemos, como exemplo, a recente decisão da câmara, referente à PEC da Anistia. Um perdão completo, dado por eles próprios, a todas as irregularidades e condenações de seus partidos políticos e campanhas eleitorais, para além do já inaceitável descumprimento de cotas raciais nas últimas eleições, num claro retrocesso na transparência e responsabilização destes mesmos partidos que deveriam minimamente se pautar pela ética e não descaradamente pelos interesses exclusivos que dizem respeito apenas a eles, de forma corporativista.
Quando sabemos quão importante é a representatividade da sociedade, para que a democracia possa ser um exercício pautado na ética, este tipo de votação e resultado é, de fato, um tapa na cara.
Não quero passar por romântica, idealista – evidente que existem interesses de toda ordem no jogo democrático e que democracia, ainda que não seja uma perfeição, continua sendo a melhor forma de governo, ao menos para mais de 70% da população brasileira, segundo o Datafolha, ao qual eu me junto.
Mas será que atitudes como estas colaboram com a construção de uma sociedade mais ética, minimamente igualitária? Creio que já passou da hora de nossos representantes, tanto da direita quanto da esquerda, preocuparem-se um pouco menos com seus interesses comezinhos e se voltarem, ao menos um pouquinho, ao atendimento daqueles que mais precisam.
Como diria Luiz Felipe Pondé, há um ano atrás, no programa Linhas Cruzadas, da TV Cultura: “...a classe política brasileira é muito disfuncional porque ela opera excessivamente de costas para os representados...e os mecanismos que a obrigariam a prestar contas daquilo que ela faz, no sistema brasileiro não funcionam...numa tendência a privatizar o público...e usá-lo para tirar vantagens para o próprio partido ou grupo...o que impacta sua funcionalidade...não que outros países também não derrapem neste quesito..., mas parece que conseguiram chegar num ponto de checagem maior das disfuncionalidades, o que tem a ver com nível de formação da população, nível de ferramentas de produção de transparência e acesso à mídia profissional”.
Portanto, assim como a forte mobilização da sociedade, despertada pela PL do aborto (ou do estuprador, como também foi identificada), que acabou por produzir um efeito sobre seus defensores, seria muito interessante que algo se repetisse, neste sentido, em relação a esta PEC descabida. Torço por isto.
A área destinada ao cultivo de soja no Brasil cresceu quase dez vezes entre 1985 e 2023, passando de 4,4 milhões para 40 milhões de hectares, o que corresponde a 14% de toda a área agropecuária do país.
Os dados divulgados pela rede MapBiomas nesta sexta-feira (6) mostram que, no período inicial analisado, de 1985 a 2008, a plantação de soja expandiu sobre 18 milhões de hectares, dos quais 30% (5,7 milhões de hectares) substituíram vegetação nativa e 26% (5 milhões de hectares) resultaram da conversão de pastagens.
O Pix, serviço de pagamento instantâneo do Banco Central (BC), é o meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros, segundo dados do estudo O Brasileiro e sua Relação com o Dinheiro, divulgado nesta quarta-feira (4). Após quatro anos de lançamento, a ferramenta supera as transações com dinheiro em espécie.
A pesquisa indica que o Pix é utilizado por 76,4% da população, além de ser aquela utilizada com maior frequência para 46% dos entrevistados. Em 2021, quando o serviço estava em operação havia poucos meses, a adesão era de 46%, mas apenas 17% o usavam com frequência.