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Opinião

Estupro é uma mácula a ser extirpada de nossa sociedade

Exploração do papel da mulher na sociedade, da adoração no passado ao patriarcado atual e o impacto na desigualdade de gênero.Exploração do papel da mulher na sociedade, da adoração no passado ao patriarcado atual e o impacto na desigualdade de gênero.
Vinícius Sgarbe
/
Adobe Firefly
Áurea Moneo

Quando vasculhamos um pouco os anais de nossa história, surgem evidências de uma época bem diferente, em que mulheres eram tidas e respeitadas como deusas, sendo reverenciadas pelos homens.

A principal razão residia no fato de que elas eram tidas como únicas responsáveis pela reprodução da espécie, num tempo em que ainda não havia a noção da participação do sêmen neste fenômeno, como bem nos relata Regina Navarro Lins, na introdução de seu livro A cama na varanda (Editora BestSeller, 476 páginas, R$ 50).

Pode-se dizer que, neste caso específico, a ignorância foi uma bênção, já que homens e mulheres viviam em harmonia, numa relação de respeito mútuo, apesar da diferença de força física existente entre ambos.

À medida em que a noção sobre a fecundação vai se revelando, a situação de parceria até então existente entre os sexos passa a sofrer significativas mudanças e uma inversão de valores se impõe – o homem, vendo-se poderoso, capaz de fecundar várias mulheres, toma para si este status de divindade e estabelece o patriarcado, como forma de submeter suas fêmeas sob seu comando, assumindo-as como propriedade.

E assim, uma vez destronadas, a vida se torna bem mais limitada para as mulheres, submetidas ao jugo de seus donos.

Biologicamente falando, nada de diferente ocorreu entre estes nossos ancestrais, do período paleolítico para o neolítico, a justificar tal mudança de comportamento. O que mudou foi a percepção de mundo e, consequentemente, a nova cultura que se estabeleceu e, convenhamos, perdura, de uma forma um pouco mais atenuada talvez, até os dias de hoje.

Este parece ser o ponto nevrálgico desta importante questão: o papel da cultura na base da naturalização de certos padrões, colocando o homem como cabeça de chave, inclusive na sociedade contemporânea.

Jornada violenta

Pesquisa de 2014, conduzida pela Plan International Brasil, organização de defesa dos direitos da criança, intitulada Por ser menina no Brasil: crescendo entre direitos e violências, reforça este aspecto, ao mostrar que a jornada dupla feminina no Brasil já começa na infância.

O estudo ouviu 1.771 meninas de 6 a 14 anos, classe média-baixa, nas cinco regiões do país e constatou forte desigualdade na distribuição de tarefas domésticas entre meninas e meninos:

“Para se ter uma ideia do tamanho desse abismo, 81,4% das meninas arrumam sua cama x 11,6% dos irmãos meninos; 76,8% das meninas lavam a louça e 65,6% limpam a casa, enquanto apenas 12,5% dos irmãos lavam a louça e 11,4% limpam a casa, uma sobrecarga de atividades para as meninas que se acentua nos casos em que as mães possuem duplas jornadas de trabalho: as meninas assumem mais responsabilidades no cuidado com a casa que os irmãos, tendo menos tempo para se dedicarem ao estudo e às brincadeiras”.

Interessante, pois são estas mesmas mulheres, chefes de família, que perpetuam a diferença de responsabilidades entre meninos e meninas através da distribuição não equitativa de tarefas, poupando seus filhos homens e sobrecarregando suas filhas mulheres.

Este mesmo Instituto fez nova pesquisa, pós-covid, com 2.589 participantes meninas, agora com idade entre 14 e 19 anos e a desigualdade continua – elas ainda realizam o dobro de trabalhos domésticos que os meninos (67,2% das meninas contra 31,9% dos meninos).

“É dentro de casa que as meninas mais sofrem com a violência física (30,7%), violência sexual (24,7%) e violência psicológica (29,5%). Quase todas as participantes da pesquisa (94,2%) já presenciaram ao menos uma situação de violência, sofrida por elas ou pessoas próximas. Um dado preocupante é de que 25,9% das meninas não procuraram ajuda. Elas relatam que os pais e adultos responsáveis não acreditaram nelas, o que levou ao não encaminhamento dos casos”.

Não só no Brasil vivenciamos estas diferenças de percepção, a conferirem sensação de desvantagens em ser mulher. Judith Viorst, em seu livro Perdas necessárias (Editora Melhoramentos, 320 páginas, R$ 40) relata uma pesquisa feita nos EUA com crianças da 3ª à 12ª série: “o que aconteceria se você descobrisse, ao acordar, que mudou de sexo?”.

Percepções

Meninos responderam: “seria burra, fraca – todos seriam melhores do que eu; teria que me preocupar com aparência física; meu trabalho seria o trivial: cozinhar, lavar, ser mãe; as atividades seriam restritas e eu não seria bem tratado”.

Meninas concordaram, ao responder: “faria as coisas melhor do que faço agora; toda minha vida seria mais fácil; talvez meu pai me amasse.

Ou seja, há uma forte naturalização destas diferenças entre homens e mulheres, decorrentes da cultura.

Neste contexto, o que falar sobre o estupro, praticado ainda hoje em nossa sociedade? E não irei sequer mencionar a barbárie quando o estupro ocorre com crianças, assunto que irei explorar em outro artigo.

Estupro

Antes vamos recorrer a Freud para entender acerca da pulsão sexual. Para ele, no reino animal, trata-se de um instinto ligado à preservação da espécie, mas que no humano assume outras funções, podendo avançar e atender necessidades como segurança, reconhecimento, autoamor e amor pelo outro, quando há um equilíbrio entre pulsão de vida, marcada por Eros, e de morte, marcada por Tanatos. Vejamos sua fala acerca do instinto, em Esboço da psicanálise, já no final de sua jornada, em 1938:

“Nas funções biológicas, os dois instintos básicos (Eros, instinto de vida e Tanatos, instinto de morte) operam um contra o outro ou combinam-se mutuamente. Assim, o ato de comer é uma destruição do objeto com o objetivo final de incorporá-lo, e o ato sexual é um ato de regressão com o intuito da mais íntima união".

“Modificações nas proporções da fusão entre os instintos (de vida e de morte) apresentam os resultados mais tangíveis. Um excesso de agressividade sexual transformará um amante num criminoso sexual, enquanto uma nítida diminuição no fator agressivo torná-lo-á acanhado ou impotente”.

Mas o que se vê, no caso do estupro, vai além do desequilíbrio entre Eros e Tanatos – é a sexualidade à serviço da pulsão de morte, no seu aspecto mais comezinho: dominação, imposição, subjugação, realizado por alguém que menospreza a vítima.

Ressentimentos recalcados, raiva, desprezo pelo outro? No mínimo!

Uma ação deliberada que se manifesta em formatos distintos, promovida tanto por conquistadores bárbaros a imporem sua supremacia, maculando as mulheres dos povos dominados – a se observar nos ataques antigos e recentes dos países em guerra – quanto por indivíduos altamente infelizes, isolados ou em grupos, sobre mulheres que julgam merecedoras do ato infame – vide casos recentes e recorrentes de indianos descarregando suas mazelas em pobres criaturas, ou ainda e não menos abjeta, uma escolha perpetrada por pretensos homens aparentemente bem resolvidos, incapazes de colocar um freio em seus impulsos – casos infames como os divulgados nos noticiários, envolvendo nossos jogadores.

E como vencer este tipo de pulsão de morte manifesta por alguns, a escancarar o lado podre do patriarcado e envergonhando a todos, homens e mulheres?

Uma resposta difícil; mas, negar o fato, fingir que não acontece e perpetuar a impunidade certamente não é a melhor alternativa. Que os recentes casos midiáticos sejam passíveis de ampla discussão e de punição exemplar, uma vez que a censura moral, interna, destes indivíduos, ainda é insuficiente. E, mais, que a reprovação pública e a quebra da impunidade possam frear o ímpeto daqueles que se acham acima da lei e afrontam, com sua incapacidade de inibição quanto à meta sexual, o respeito e a dignidade que o outro merece.

Última atualização
28/3/2024 18:21
Áurea Moneo
Pós-graduada em A Psicanálise do Século XXI, pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap); pós-graduada em Psicanálise, pela Faculdade Álvares de Azevedo (Faatesp); Formação em Psicanálise, pelo Instituto Superior de Psicanálise de Brasília. Outras formações acadêmicas: pós-graduada em Marketing, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM); pós-graduada em Administração, pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo; graduada em Arquitetura, pelo Mackenzie. Responsável pela gestão organizacional e pedagógica do Centro de Formação em Psicanálise Clínica – Illumen, com sede em São Paulo, desde 2010. Leciona Psicanálise, com notória especialidade, responsável pela preparação psicanalítica de novos alunos e professores do Illumen. Atua na clínica psicanalítica desde 2001.

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Maku de Almeida
19/5/2024 16:26

Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.

A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Jane Hir
19/5/2024 16:08

Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.

Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.

Opinião

Estupro é uma mácula a ser extirpada de nossa sociedade

Exploração do papel da mulher na sociedade, da adoração no passado ao patriarcado atual e o impacto na desigualdade de gênero.Exploração do papel da mulher na sociedade, da adoração no passado ao patriarcado atual e o impacto na desigualdade de gênero.
Vinícius Sgarbe
/
Adobe Firefly
Áurea Moneo
Pós-graduada em A Psicanálise do Século XXI, pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap); pós-graduada em Psicanálise, pela Faculdade Álvares de Azevedo (Faatesp); Formação em Psicanálise, pelo Instituto Superior de Psicanálise de Brasília. Outras formações acadêmicas: pós-graduada em Marketing, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM); pós-graduada em Administração, pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo; graduada em Arquitetura, pelo Mackenzie. Responsável pela gestão organizacional e pedagógica do Centro de Formação em Psicanálise Clínica – Illumen, com sede em São Paulo, desde 2010. Leciona Psicanálise, com notória especialidade, responsável pela preparação psicanalítica de novos alunos e professores do Illumen. Atua na clínica psicanalítica desde 2001.
28/3/2024 18:16
Áurea Moneo

Estupro é uma mácula a ser extirpada de nossa sociedade

Quando vasculhamos um pouco os anais de nossa história, surgem evidências de uma época bem diferente, em que mulheres eram tidas e respeitadas como deusas, sendo reverenciadas pelos homens.

A principal razão residia no fato de que elas eram tidas como únicas responsáveis pela reprodução da espécie, num tempo em que ainda não havia a noção da participação do sêmen neste fenômeno, como bem nos relata Regina Navarro Lins, na introdução de seu livro A cama na varanda (Editora BestSeller, 476 páginas, R$ 50).

Pode-se dizer que, neste caso específico, a ignorância foi uma bênção, já que homens e mulheres viviam em harmonia, numa relação de respeito mútuo, apesar da diferença de força física existente entre ambos.

À medida em que a noção sobre a fecundação vai se revelando, a situação de parceria até então existente entre os sexos passa a sofrer significativas mudanças e uma inversão de valores se impõe – o homem, vendo-se poderoso, capaz de fecundar várias mulheres, toma para si este status de divindade e estabelece o patriarcado, como forma de submeter suas fêmeas sob seu comando, assumindo-as como propriedade.

E assim, uma vez destronadas, a vida se torna bem mais limitada para as mulheres, submetidas ao jugo de seus donos.

Biologicamente falando, nada de diferente ocorreu entre estes nossos ancestrais, do período paleolítico para o neolítico, a justificar tal mudança de comportamento. O que mudou foi a percepção de mundo e, consequentemente, a nova cultura que se estabeleceu e, convenhamos, perdura, de uma forma um pouco mais atenuada talvez, até os dias de hoje.

Este parece ser o ponto nevrálgico desta importante questão: o papel da cultura na base da naturalização de certos padrões, colocando o homem como cabeça de chave, inclusive na sociedade contemporânea.

Jornada violenta

Pesquisa de 2014, conduzida pela Plan International Brasil, organização de defesa dos direitos da criança, intitulada Por ser menina no Brasil: crescendo entre direitos e violências, reforça este aspecto, ao mostrar que a jornada dupla feminina no Brasil já começa na infância.

O estudo ouviu 1.771 meninas de 6 a 14 anos, classe média-baixa, nas cinco regiões do país e constatou forte desigualdade na distribuição de tarefas domésticas entre meninas e meninos:

“Para se ter uma ideia do tamanho desse abismo, 81,4% das meninas arrumam sua cama x 11,6% dos irmãos meninos; 76,8% das meninas lavam a louça e 65,6% limpam a casa, enquanto apenas 12,5% dos irmãos lavam a louça e 11,4% limpam a casa, uma sobrecarga de atividades para as meninas que se acentua nos casos em que as mães possuem duplas jornadas de trabalho: as meninas assumem mais responsabilidades no cuidado com a casa que os irmãos, tendo menos tempo para se dedicarem ao estudo e às brincadeiras”.

Interessante, pois são estas mesmas mulheres, chefes de família, que perpetuam a diferença de responsabilidades entre meninos e meninas através da distribuição não equitativa de tarefas, poupando seus filhos homens e sobrecarregando suas filhas mulheres.

Este mesmo Instituto fez nova pesquisa, pós-covid, com 2.589 participantes meninas, agora com idade entre 14 e 19 anos e a desigualdade continua – elas ainda realizam o dobro de trabalhos domésticos que os meninos (67,2% das meninas contra 31,9% dos meninos).

“É dentro de casa que as meninas mais sofrem com a violência física (30,7%), violência sexual (24,7%) e violência psicológica (29,5%). Quase todas as participantes da pesquisa (94,2%) já presenciaram ao menos uma situação de violência, sofrida por elas ou pessoas próximas. Um dado preocupante é de que 25,9% das meninas não procuraram ajuda. Elas relatam que os pais e adultos responsáveis não acreditaram nelas, o que levou ao não encaminhamento dos casos”.

Não só no Brasil vivenciamos estas diferenças de percepção, a conferirem sensação de desvantagens em ser mulher. Judith Viorst, em seu livro Perdas necessárias (Editora Melhoramentos, 320 páginas, R$ 40) relata uma pesquisa feita nos EUA com crianças da 3ª à 12ª série: “o que aconteceria se você descobrisse, ao acordar, que mudou de sexo?”.

Percepções

Meninos responderam: “seria burra, fraca – todos seriam melhores do que eu; teria que me preocupar com aparência física; meu trabalho seria o trivial: cozinhar, lavar, ser mãe; as atividades seriam restritas e eu não seria bem tratado”.

Meninas concordaram, ao responder: “faria as coisas melhor do que faço agora; toda minha vida seria mais fácil; talvez meu pai me amasse.

Ou seja, há uma forte naturalização destas diferenças entre homens e mulheres, decorrentes da cultura.

Neste contexto, o que falar sobre o estupro, praticado ainda hoje em nossa sociedade? E não irei sequer mencionar a barbárie quando o estupro ocorre com crianças, assunto que irei explorar em outro artigo.

Estupro

Antes vamos recorrer a Freud para entender acerca da pulsão sexual. Para ele, no reino animal, trata-se de um instinto ligado à preservação da espécie, mas que no humano assume outras funções, podendo avançar e atender necessidades como segurança, reconhecimento, autoamor e amor pelo outro, quando há um equilíbrio entre pulsão de vida, marcada por Eros, e de morte, marcada por Tanatos. Vejamos sua fala acerca do instinto, em Esboço da psicanálise, já no final de sua jornada, em 1938:

“Nas funções biológicas, os dois instintos básicos (Eros, instinto de vida e Tanatos, instinto de morte) operam um contra o outro ou combinam-se mutuamente. Assim, o ato de comer é uma destruição do objeto com o objetivo final de incorporá-lo, e o ato sexual é um ato de regressão com o intuito da mais íntima união".

“Modificações nas proporções da fusão entre os instintos (de vida e de morte) apresentam os resultados mais tangíveis. Um excesso de agressividade sexual transformará um amante num criminoso sexual, enquanto uma nítida diminuição no fator agressivo torná-lo-á acanhado ou impotente”.

Mas o que se vê, no caso do estupro, vai além do desequilíbrio entre Eros e Tanatos – é a sexualidade à serviço da pulsão de morte, no seu aspecto mais comezinho: dominação, imposição, subjugação, realizado por alguém que menospreza a vítima.

Ressentimentos recalcados, raiva, desprezo pelo outro? No mínimo!

Uma ação deliberada que se manifesta em formatos distintos, promovida tanto por conquistadores bárbaros a imporem sua supremacia, maculando as mulheres dos povos dominados – a se observar nos ataques antigos e recentes dos países em guerra – quanto por indivíduos altamente infelizes, isolados ou em grupos, sobre mulheres que julgam merecedoras do ato infame – vide casos recentes e recorrentes de indianos descarregando suas mazelas em pobres criaturas, ou ainda e não menos abjeta, uma escolha perpetrada por pretensos homens aparentemente bem resolvidos, incapazes de colocar um freio em seus impulsos – casos infames como os divulgados nos noticiários, envolvendo nossos jogadores.

E como vencer este tipo de pulsão de morte manifesta por alguns, a escancarar o lado podre do patriarcado e envergonhando a todos, homens e mulheres?

Uma resposta difícil; mas, negar o fato, fingir que não acontece e perpetuar a impunidade certamente não é a melhor alternativa. Que os recentes casos midiáticos sejam passíveis de ampla discussão e de punição exemplar, uma vez que a censura moral, interna, destes indivíduos, ainda é insuficiente. E, mais, que a reprovação pública e a quebra da impunidade possam frear o ímpeto daqueles que se acham acima da lei e afrontam, com sua incapacidade de inibição quanto à meta sexual, o respeito e a dignidade que o outro merece.

Áurea Moneo
Pós-graduada em A Psicanálise do Século XXI, pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap); pós-graduada em Psicanálise, pela Faculdade Álvares de Azevedo (Faatesp); Formação em Psicanálise, pelo Instituto Superior de Psicanálise de Brasília. Outras formações acadêmicas: pós-graduada em Marketing, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM); pós-graduada em Administração, pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo; graduada em Arquitetura, pelo Mackenzie. Responsável pela gestão organizacional e pedagógica do Centro de Formação em Psicanálise Clínica – Illumen, com sede em São Paulo, desde 2010. Leciona Psicanálise, com notória especialidade, responsável pela preparação psicanalítica de novos alunos e professores do Illumen. Atua na clínica psicanalítica desde 2001.
Última atualização
28/3/2024 18:21

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Eu e minhas circunstâncias à busca de propósito

Maku de Almeida
19/5/2024 16:26

Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.

A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Jane Hir
19/5/2024 16:08

Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.

Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.

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