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Opinião

Do ateliê à sala de aula: caminhos para o ensino de gravura

Abordagens criativas para o ensino de gravura nas escolas.Abordagens criativas para o ensino de gravura nas escolas.
Divulgação
/
Trabalhos desenvolvidos por alunos da Escola Municipal CAIC Núbia Pereira de Magalhães em Juiz de Fora (MG), no ano de 2006.
Gracon

Durante a licenciatura em Artes Visuais, os acadêmicos têm contato com diversas técnicas de produção artística experimentando processos de criação em formatos tradicionais e contemporâneos. A estrutura do ateliê facilita esse processo fornecendo um ambiente propício ao desenvolvimento de projetos criativos e a troca de experiências.

No entanto, ao finalizarem a graduação e ingressarem na sala de aula como professores, frequentemente enfrentam uma realidade completamente diferente. Sem a estrutura e os materiais necessários, acabam recorrendo ao desenho no caderno ou a outras formas mais simples de expressão artística. Essa diferença entre a formação inicial e a prática costuma ser desafiadora para os professores e muitas vezes frustrante para os seus alunos, que não conseguem acessar as outras possibilidades de expressão artística.

Neste texto, destacamos a gravura como uma das técnicas que, como professores de artes, enfrentamos particularmente esse desafio. E, também, discutiremos alternativas para que a gravura chegue na escola. 

A ausência da prensa e de tintas próprias, juntamente com os riscos associados ao uso de goivas podem impor limitações significativas no ensino de gravura. Contudo, existem maneiras criativas de superar esses obstáculos e proporcionar experiências enriquecedoras de impressão das artes na escola. 

Ao discutirmos o ensino de arte no século XXI, ressaltamos a importância de pensar métodos alternativos de criação, o que significa nos alinharmos à expansão conceitual da arte contemporânea. Nesse sentido, fazer gravura já não se restringe a trabalhar com madeira ou metal, nem se limita a tintas ou métodos específicos de impressão. Existe uma ampla gama de possibilidades para criar múltiplos materiais que podem ser muito interessantes.

Em minha experiência como professora já recorri à tradicional isogravura - que utiliza o isopor como suporte; gravamos com as próprias mãos e pés e com objetos do dia a dia; a impressão botânica - a partir de folhas de árvores; bem como já produzimos com matrizes em fio, EVA, papelão, cortiça, entre outros materiais. Sem falar na multiplicidade de suportes possíveis, além da folha A4, podem ser explorados tecidos ou o próprio papel kraft, que permite dimensões maiores. 

E se ao final recortarmos e reorganizarmos a imagem? E se combinarmos diferentes técnicas de impressão? E se integrarmos a impressão de desenhos digitais ou cópias? E se explorarmos a ideia de múltiplo dentro da mesma obra? Ao pensar possibilidades ampliadas de gravura e desafiarmos suas fronteiras tradicionais, conseguimos também torná-la acessível a todas as faixas etárias e aos mais diversos espaços. 

Sobre o ensino de gravura por meio de métodos alternativos, é importante trazer a memória a professora espanhola Letícia Fayos Bosch (2020, p. 108, tradução livre) afirmando que: 

O objetivo é desenvolver a criatividade, mas também a curiosidade, dar a eles a liberdade de cometer erros e tentar novamente, gerar resistência à frustração e desenvolver gradualmente a concentração e o interesse em exercícios práticos em um nível plástico.

Essa postura é importante para que professores e alunos mantenham um olhar aberto para o novo e consigam descobrir novas maneiras de expressar suas ideias. Além disso, enfrentar desafios, valorizar as descobertas e tolerar os erros costumam ser valores importantes, tanto para a aprendizagem significativa quanto para a vida cotidiana.

Em última análise, ressaltamos que tal postura não significa se conformar com o que temos, mas trabalharmos a partir disso e nos engajarmos na luta por recursos adequados para que nossos alunos possam se desenvolver de maneira plena. 

Essa abordagem beneficia a comunidade escolar atual e prepara os alunos para enfrentar os desafios do mundo, para além da sala de aula, capacitando-os a serem agentes de mudança e progresso em suas comunidades.

Por Julia Pereira de Souza.

Última atualização
3/5/2024 9:30
Gracon
Grupo de pesquisa em Gravura Contemporânea da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Maku de Almeida
19/5/2024 16:26

Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.

A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Jane Hir
19/5/2024 16:08

Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.

Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.

Opinião

Do ateliê à sala de aula: caminhos para o ensino de gravura

Abordagens criativas para o ensino de gravura nas escolas.Abordagens criativas para o ensino de gravura nas escolas.
Divulgação
/
Trabalhos desenvolvidos por alunos da Escola Municipal CAIC Núbia Pereira de Magalhães em Juiz de Fora (MG), no ano de 2006.
Gracon
Grupo de pesquisa em Gravura Contemporânea da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
2/5/2024 22:06
Gracon

Do ateliê à sala de aula: caminhos para o ensino de gravura

Durante a licenciatura em Artes Visuais, os acadêmicos têm contato com diversas técnicas de produção artística experimentando processos de criação em formatos tradicionais e contemporâneos. A estrutura do ateliê facilita esse processo fornecendo um ambiente propício ao desenvolvimento de projetos criativos e a troca de experiências.

No entanto, ao finalizarem a graduação e ingressarem na sala de aula como professores, frequentemente enfrentam uma realidade completamente diferente. Sem a estrutura e os materiais necessários, acabam recorrendo ao desenho no caderno ou a outras formas mais simples de expressão artística. Essa diferença entre a formação inicial e a prática costuma ser desafiadora para os professores e muitas vezes frustrante para os seus alunos, que não conseguem acessar as outras possibilidades de expressão artística.

Neste texto, destacamos a gravura como uma das técnicas que, como professores de artes, enfrentamos particularmente esse desafio. E, também, discutiremos alternativas para que a gravura chegue na escola. 

A ausência da prensa e de tintas próprias, juntamente com os riscos associados ao uso de goivas podem impor limitações significativas no ensino de gravura. Contudo, existem maneiras criativas de superar esses obstáculos e proporcionar experiências enriquecedoras de impressão das artes na escola. 

Ao discutirmos o ensino de arte no século XXI, ressaltamos a importância de pensar métodos alternativos de criação, o que significa nos alinharmos à expansão conceitual da arte contemporânea. Nesse sentido, fazer gravura já não se restringe a trabalhar com madeira ou metal, nem se limita a tintas ou métodos específicos de impressão. Existe uma ampla gama de possibilidades para criar múltiplos materiais que podem ser muito interessantes.

Em minha experiência como professora já recorri à tradicional isogravura - que utiliza o isopor como suporte; gravamos com as próprias mãos e pés e com objetos do dia a dia; a impressão botânica - a partir de folhas de árvores; bem como já produzimos com matrizes em fio, EVA, papelão, cortiça, entre outros materiais. Sem falar na multiplicidade de suportes possíveis, além da folha A4, podem ser explorados tecidos ou o próprio papel kraft, que permite dimensões maiores. 

E se ao final recortarmos e reorganizarmos a imagem? E se combinarmos diferentes técnicas de impressão? E se integrarmos a impressão de desenhos digitais ou cópias? E se explorarmos a ideia de múltiplo dentro da mesma obra? Ao pensar possibilidades ampliadas de gravura e desafiarmos suas fronteiras tradicionais, conseguimos também torná-la acessível a todas as faixas etárias e aos mais diversos espaços. 

Sobre o ensino de gravura por meio de métodos alternativos, é importante trazer a memória a professora espanhola Letícia Fayos Bosch (2020, p. 108, tradução livre) afirmando que: 

O objetivo é desenvolver a criatividade, mas também a curiosidade, dar a eles a liberdade de cometer erros e tentar novamente, gerar resistência à frustração e desenvolver gradualmente a concentração e o interesse em exercícios práticos em um nível plástico.

Essa postura é importante para que professores e alunos mantenham um olhar aberto para o novo e consigam descobrir novas maneiras de expressar suas ideias. Além disso, enfrentar desafios, valorizar as descobertas e tolerar os erros costumam ser valores importantes, tanto para a aprendizagem significativa quanto para a vida cotidiana.

Em última análise, ressaltamos que tal postura não significa se conformar com o que temos, mas trabalharmos a partir disso e nos engajarmos na luta por recursos adequados para que nossos alunos possam se desenvolver de maneira plena. 

Essa abordagem beneficia a comunidade escolar atual e prepara os alunos para enfrentar os desafios do mundo, para além da sala de aula, capacitando-os a serem agentes de mudança e progresso em suas comunidades.

Por Julia Pereira de Souza.

Gracon
Grupo de pesquisa em Gravura Contemporânea da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
Última atualização
3/5/2024 9:30

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Eu e minhas circunstâncias à busca de propósito

Maku de Almeida
19/5/2024 16:26

Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.

A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Jane Hir
19/5/2024 16:08

Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.

Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.

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