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Opinião

Direito de sofrer: desigualdade social na crise climática

Análise da crise climática e racismo ambiental pós-tragédias evidencia a necessidade de políticas inclusivas.Análise da crise climática e racismo ambiental pós-tragédias evidencia a necessidade de políticas inclusivas.
Arte Cidade Capital
/
Adobe Firefly
Luana dos Santos

<span class="abre-texto">Nos últimos anos, assistimos</span> à chegada de intensas ondas de calor, tempestades devastadoras, desastres ambientais, enfim, tudo aquilo que a ciência há anos previu.

Em novembro do ano passado uma jovem passou mal e morreu durante o show da cantora internacional Taylor Swift. A sensação térmica no local era de 60ºC e a empresa organizadora do evento não permitia a entrada com garrafas de água, além de tornar difícil a compra do produto dentro do estabelecimento, seja pelo preço elevado ou pelo difícil acesso aos pontos de venda.

Após o episódio, a Secretaria Nacional do Consumidor editou uma Portaria estabelecendo regras destinadas à proteção da saúde dos consumidores em shows, festivais e quaisquer eventos de grandes proporções.

O trágico evento traz um alerta: a degradação ambiental é uma realidade e as consequências da crise climática devem ser uma preocupação jurídica.

Os fenômenos ambientais vivenciados nos últimos anos colocam em risco uma série de direitos fundamentais e os grupos socialmente marginalizados são os mais afetados.

É a população de baixa renda que tem as suas casas destruídas por enchentes e deslizamentos de terra. São os alunos da rede pública que estudam em salas lotadas sem a devida climatização.

As pessoas em situação de rua não dispõem de banho e água fresca, estando sujeitas à desidratação e adoecimento.

A população encarcerada, confinada em celas superlotadas, passa os seus dias submetida a temperaturas sub-humanas, condição que não condiz com a ideia de pena ou sanção, mas de tortura.

Há um fator comum a esses cenários. Todos eles são majoritariamente ocupados por pessoas negras. E isso não é uma coincidência.

Na última semana, uma combinação de palavras ganhou os holofotes da mídia: “racismo ambiental”.

A Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foi ridicularizada nas redes sociais depois de atribuir ao racismo ambiental e climático a responsabilidade pela tragédia vivenciada por diversas famílias no Rio de Janeiro em decorrência das fortes chuvas que atingiram a região.

Como bem pontua a Professora Dra. Bárbara Carine, quando desastres ambientais ocorrem, as populações menos abastadas são as que sofrem maior impacto, devido à ausência de poderio econômico e à falta de intervenção do Estado. A esse fenômeno dá-se o nome de racismo ambiental.

Tendo ciência de que uma determinada parcela da população está em maior situação de risco diante das alterações climáticas, o Estado tem o dever de promover políticas públicas para resguardar seus direitos.

A deputada federal Erika Hilton (PSOL) apresentou um projeto de lei que visa estabelecer medidas de adaptação e redução de impactos ambientais, priorizando a população vulnerabilizada. O projeto foi proposto há quase um ano e até hoje não teve seu procedimento concluído. Quantos direitos foram violados nesse período? Por que a proteção à vida dessas pessoas não demanda urgência?

Para a crise climática, não há cor, gênero ou classe social. Todos estamos sujeitos às respostas da natureza aos anos de degradação ambiental. Mas há quem precise sobreviver a esse cenário sem acesso a direitos básicos como moradia, saneamento, saúde e educação.

Como propõe Sandra Prata, jornalista e escritora independente, o bem mais valioso que alguém pode ter “(...) não é amor, dinheiro ou amigos, mas o privilégio (e a credibilidade) pra poder viver, até seus últimos dias, sem nunca ter perdido a paz de poder sofrer (...)”

Sem dignidade, não há igualdade. Nem mesmo para exercer o direito de sofrer.

Última atualização
5/2/2024 10:22
Luana dos Santos
Bacharela em direito. Pós-graduanda em direitos humanos.

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:21

O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:02

O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman

Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira. 

Opinião

Direito de sofrer: desigualdade social na crise climática

Análise da crise climática e racismo ambiental pós-tragédias evidencia a necessidade de políticas inclusivas.Análise da crise climática e racismo ambiental pós-tragédias evidencia a necessidade de políticas inclusivas.
Arte Cidade Capital
/
Adobe Firefly
Luana dos Santos
Bacharela em direito. Pós-graduanda em direitos humanos.
17/1/2024 15:03
Luana dos Santos

Direito de sofrer: desigualdade social na crise climática

<span class="abre-texto">Nos últimos anos, assistimos</span> à chegada de intensas ondas de calor, tempestades devastadoras, desastres ambientais, enfim, tudo aquilo que a ciência há anos previu.

Em novembro do ano passado uma jovem passou mal e morreu durante o show da cantora internacional Taylor Swift. A sensação térmica no local era de 60ºC e a empresa organizadora do evento não permitia a entrada com garrafas de água, além de tornar difícil a compra do produto dentro do estabelecimento, seja pelo preço elevado ou pelo difícil acesso aos pontos de venda.

Após o episódio, a Secretaria Nacional do Consumidor editou uma Portaria estabelecendo regras destinadas à proteção da saúde dos consumidores em shows, festivais e quaisquer eventos de grandes proporções.

O trágico evento traz um alerta: a degradação ambiental é uma realidade e as consequências da crise climática devem ser uma preocupação jurídica.

Os fenômenos ambientais vivenciados nos últimos anos colocam em risco uma série de direitos fundamentais e os grupos socialmente marginalizados são os mais afetados.

É a população de baixa renda que tem as suas casas destruídas por enchentes e deslizamentos de terra. São os alunos da rede pública que estudam em salas lotadas sem a devida climatização.

As pessoas em situação de rua não dispõem de banho e água fresca, estando sujeitas à desidratação e adoecimento.

A população encarcerada, confinada em celas superlotadas, passa os seus dias submetida a temperaturas sub-humanas, condição que não condiz com a ideia de pena ou sanção, mas de tortura.

Há um fator comum a esses cenários. Todos eles são majoritariamente ocupados por pessoas negras. E isso não é uma coincidência.

Na última semana, uma combinação de palavras ganhou os holofotes da mídia: “racismo ambiental”.

A Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foi ridicularizada nas redes sociais depois de atribuir ao racismo ambiental e climático a responsabilidade pela tragédia vivenciada por diversas famílias no Rio de Janeiro em decorrência das fortes chuvas que atingiram a região.

Como bem pontua a Professora Dra. Bárbara Carine, quando desastres ambientais ocorrem, as populações menos abastadas são as que sofrem maior impacto, devido à ausência de poderio econômico e à falta de intervenção do Estado. A esse fenômeno dá-se o nome de racismo ambiental.

Tendo ciência de que uma determinada parcela da população está em maior situação de risco diante das alterações climáticas, o Estado tem o dever de promover políticas públicas para resguardar seus direitos.

A deputada federal Erika Hilton (PSOL) apresentou um projeto de lei que visa estabelecer medidas de adaptação e redução de impactos ambientais, priorizando a população vulnerabilizada. O projeto foi proposto há quase um ano e até hoje não teve seu procedimento concluído. Quantos direitos foram violados nesse período? Por que a proteção à vida dessas pessoas não demanda urgência?

Para a crise climática, não há cor, gênero ou classe social. Todos estamos sujeitos às respostas da natureza aos anos de degradação ambiental. Mas há quem precise sobreviver a esse cenário sem acesso a direitos básicos como moradia, saneamento, saúde e educação.

Como propõe Sandra Prata, jornalista e escritora independente, o bem mais valioso que alguém pode ter “(...) não é amor, dinheiro ou amigos, mas o privilégio (e a credibilidade) pra poder viver, até seus últimos dias, sem nunca ter perdido a paz de poder sofrer (...)”

Sem dignidade, não há igualdade. Nem mesmo para exercer o direito de sofrer.

Luana dos Santos
Bacharela em direito. Pós-graduanda em direitos humanos.
Última atualização
5/2/2024 10:22

Brasil bate recorde na geração de energia eólica em novembro de 2024

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:21

O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.

Filme ‘Ainda estou aqui’ recebe indicação ao Globo de Ouro

Redação Cidade Capital
10/12/2024 10:02

O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman

Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.