<span class="abre-texto">A Comissão Parlamentar de Inquérito</span> (CPI) da extrema direita da cidade de São Paulo contra o Padre Júlio Lancellotti é absolutamente coerente com o comportamento religioso e político do grupo que pretende abri-la.
De longa data, pelo menos desde que o Papa Francisco se tornou o Bispo de Roma, as decisões do líder espiritual da Igreja Católica são duvidadas e até mesmo ridicularizadas.
Nesse caso, conservadores dessa estirpe e anarquistas clássicos se encontram em suas posições, como um Pac-Man que sai em um canto da tela para entrar precisamente no canto oposto.
Se as ONGs precisam de fiscalização? Começa que o nome ONG está errado. Desde o Marco Regulatório de 2014, as que recebem dinheiro público foram obrigadas a se tornar Organizações da Sociedade Civil (OSCs).
O trabalho administrativo para essa conversão não está no gibi e ficou a cargo das organizações, com mais ou menos apoio do governo (em Curitiba, a Fundação de Ação Social é uma mãe nesse sentido).
Para receber qualquer valor em dinheiro, é preciso documentar tudo detalhadamente antes, durante e depois: algo que somente se vence quando há vontade legítima de fazer um projeto andar. Agora, se tem de fiscalizar? Claro que tem. Mas em que medida isso é assunto para uma CPI, uma vez que é uma ferramenta que presume ilegalidade e crime?
Em gente faminta a gente tropeça na rua, de tanto que tem. Podemos sociologizar, psicologizar; chegaremos, se houver qualquer humanidade, à conclusão de que os indivíduos vagantes estão realmente doentes (uma pessoa inábil para o próprio sustento está saudável?).
O caso dos que perseguem o Papa, o Padre e por aí vai, é um tanto e meio preocupante, na minha avaliação. Em linhas gerais, vamos à igreja, à análise, ao encontro de amigos sinceros, para ouvir o que pode não estar indo assim tão bem em nosso próprio comportamento.
A Igreja certamente não é lugar para pessoas perfeitas, porque essa posição é para influencers (risos). Aquele tanto e meio de preocupação está nesta pergunta: onde e quando um fanático religioso e político é levado à reflexão de que pode ser uma pessoa melhor (às vezes, ainda melhor)?
Duvidar do Papa, ou fazer a realidade exterior se deformar para que realize um mapa individual tem nomes muito tristes na literatura, dentre os quais psicose. É algo grave, que pode levar ao assassinato e ao suicídio.
Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.
A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".
Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.
Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.
<span class="abre-texto">A Comissão Parlamentar de Inquérito</span> (CPI) da extrema direita da cidade de São Paulo contra o Padre Júlio Lancellotti é absolutamente coerente com o comportamento religioso e político do grupo que pretende abri-la.
De longa data, pelo menos desde que o Papa Francisco se tornou o Bispo de Roma, as decisões do líder espiritual da Igreja Católica são duvidadas e até mesmo ridicularizadas.
Nesse caso, conservadores dessa estirpe e anarquistas clássicos se encontram em suas posições, como um Pac-Man que sai em um canto da tela para entrar precisamente no canto oposto.
Se as ONGs precisam de fiscalização? Começa que o nome ONG está errado. Desde o Marco Regulatório de 2014, as que recebem dinheiro público foram obrigadas a se tornar Organizações da Sociedade Civil (OSCs).
O trabalho administrativo para essa conversão não está no gibi e ficou a cargo das organizações, com mais ou menos apoio do governo (em Curitiba, a Fundação de Ação Social é uma mãe nesse sentido).
Para receber qualquer valor em dinheiro, é preciso documentar tudo detalhadamente antes, durante e depois: algo que somente se vence quando há vontade legítima de fazer um projeto andar. Agora, se tem de fiscalizar? Claro que tem. Mas em que medida isso é assunto para uma CPI, uma vez que é uma ferramenta que presume ilegalidade e crime?
Em gente faminta a gente tropeça na rua, de tanto que tem. Podemos sociologizar, psicologizar; chegaremos, se houver qualquer humanidade, à conclusão de que os indivíduos vagantes estão realmente doentes (uma pessoa inábil para o próprio sustento está saudável?).
O caso dos que perseguem o Papa, o Padre e por aí vai, é um tanto e meio preocupante, na minha avaliação. Em linhas gerais, vamos à igreja, à análise, ao encontro de amigos sinceros, para ouvir o que pode não estar indo assim tão bem em nosso próprio comportamento.
A Igreja certamente não é lugar para pessoas perfeitas, porque essa posição é para influencers (risos). Aquele tanto e meio de preocupação está nesta pergunta: onde e quando um fanático religioso e político é levado à reflexão de que pode ser uma pessoa melhor (às vezes, ainda melhor)?
Duvidar do Papa, ou fazer a realidade exterior se deformar para que realize um mapa individual tem nomes muito tristes na literatura, dentre os quais psicose. É algo grave, que pode levar ao assassinato e ao suicídio.
Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.
A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".
Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.
Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.