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Opinião

Como os contratos explícitos transformam as relações familiares

Descubra a eficácia dos contratos familiares na Análise Transacional e na Mentoria Integrativa Relacional para relações mais claras e íntimas.Descubra a eficácia dos contratos familiares na Análise Transacional e na Mentoria Integrativa Relacional para relações mais claras e íntimas.
Vinícius Sgarbe
/
Adobe Firefly

<span class="abre-texto">Nestes últimos meses, tenho refletido</span> com frequência sobre os contratos familiares. Contrato, na perspectiva da Análise Transacional conceituado pelo Dr. Eric Berne, é um acordo bilateral explícito. Bilateral, pois pressupõe a participação ativa de ambos os envolvidos. E explícito, pois todos os aspectos precisam ser falados e estar claros para as duas pessoas que fazem parte do relacionamento.

Na Mentoria Integrativa Relacional, desenvolvemos o conceito do Campo Comum de Convivência Contratado, onde o Contrato é um dos pilares de nutrição deste campo relacional. Quando explicitamos ao outro expectativas, necessidades, medos e fantasias, a gramática com que entendemos o que estamos comunicando no relacionamento, a fluidez acontece. A possibilidade de nos sintonizarmos um ao outro é muito maior, abrindo espaço para a construção de um relacionamento de intimidade, onde ambos podem ser eles mesmos, sem precisar “pisar em ovos”.

Porém, tenho observado nos relacionamentos familiares o quanto os diálogos ficam no campo da fantasia. Do que eu acho que o outro está pensando, do que eu gostaria que o outro fizesse sem que eu precise expor, ou seja, adivinhando. Considerando que somos seres únicos, com visão de mundo individual, quando mantenho a comunicação implícita, o outro agirá de acordo com as próprias expectativas e necessidades, e não necessariamente com o que de fato eu preciso.

Quando nos relacionamos, invariavelmente criamos um campo comum de convivência. Ou seja, nossos comportamentos nos contam a gramática da nossa relação e o que podemos esperar uns dos outros. Mas, de novo, muitas vezes isso fica no campo da imaginação e, com isso, vem a frustração do outro não ser ou se comportar de acordo com aquilo que imagino dele.

Por exemplo, um pai e uma mãe que fazem tudo pelos filhos a vida toda começam a se incomodar que o filho precisa crescer, andar com as próprias pernas, não ser tão dependente deles. A partir desse desconforto instalado, começam a não mais fazer as coisas pelo filho, deixam-no andar com as próprias pernas, para que ele cresça e desenvolva a autonomia. Certamente, essa expectativa será frustrada. O filho fica confuso, se sente perdido, não sabe o que está acontecendo e pode, inclusive, interpretar como: eles não me amam mais, eu não tenho mais espaço nessa família, eu não pertenço. E os pais interpretam como: ele não está fazendo esforço nenhum e não quer crescer. Tudo isso está exclusivamente no campo da imaginação e o que parecia ser uma saída extraordinária para apoiar o crescimento do filho, se torna um conflito instalado e promove o distanciamento entre pais e filhos.

Vamos olhar esse mesmo exemplo sob outra perspectiva, do meu ponto de vista, mais eficaz. Eu entro em contato com o desconforto de ver meu filho dependendo de mim para muitas coisas e não o vejo crescendo com isso. Eu me sento e converso com o meu filho, expondo o meu desconforto. Abro espaço para ele compartilhar a perspectiva dele sobre isso, dialogamos juntos sobre as possíveis saídas para o problema, comportamentos e alternativas que nós dois damos conta de colocar em prática e que contemplem as necessidades de ambos. Ao abrir espaço para o diálogo e ao trazer para a conversa as necessidades, fantasias, medos e expectativas, ninguém no relacionamento precisará adivinhar. Poderemos chegar a saídas que contemplem os dois e isso pode fazer a diferença. Ao invés do filho enxergar os pais como uma ameaça, começa a vê-los como parceiros na jornada de desenvolvimento. Abre-se espaço para o diálogo das coisas boas e das coisas não tão boas. Eu posso ser eu mesmo na relação e o outro também. Esse passa a ser um relacionamento seguro para nós.

Essa perspectiva é fácil? Claro que não, pressupõe eu me abrir ao outro, eu falar de mim, eu me expor e isso me deixa em uma situação de vulnerabilidade. Mas isso pode nos fortalecer, pode economizar tempo de vida e podemos aproveitar mais a dádiva da companhia das pessoas importantes da nossa vida. Relacionamentos são construídos e juntos podemos estabelecer espaços seguros, onde podemos ser nós mesmos, onde nossas fantasias, medos e necessidades são acolhidos pelo outro como genuínos e importantes.

Escrevo hoje, impactada pela escrita dos meus colegas colunistas. Sugiro que você mergulhe nos lindos textos construídos por eles. Vejo que juntos estamos mergulhando cada vez mais no desafio de sermos humanos e relacionais.

Última atualização
9/3/2024 12:15
Carolina Schmitz da Silva
Head Administrativo no Instituto MIR. Mentora Integrativa Relacional Educadora e Supervisora, Analista Transacional Certificada para as áreas organizacional e educacional e Membro Didata em formação– UNAT Brasil, Psicóloga CRP 08/14963, especialista em desenvolvimento organizacional e gestão de pessoas. Pesquisadora do comportamento humano, autora de artigos/livro publicados sobre o tema.

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Maku de Almeida
19/5/2024 16:26

Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.

A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Jane Hir
19/5/2024 16:08

Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.

Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.

Opinião

Como os contratos explícitos transformam as relações familiares

Descubra a eficácia dos contratos familiares na Análise Transacional e na Mentoria Integrativa Relacional para relações mais claras e íntimas.Descubra a eficácia dos contratos familiares na Análise Transacional e na Mentoria Integrativa Relacional para relações mais claras e íntimas.
Vinícius Sgarbe
/
Adobe Firefly
Carolina Schmitz da Silva
Head Administrativo no Instituto MIR. Mentora Integrativa Relacional Educadora e Supervisora, Analista Transacional Certificada para as áreas organizacional e educacional e Membro Didata em formação– UNAT Brasil, Psicóloga CRP 08/14963, especialista em desenvolvimento organizacional e gestão de pessoas. Pesquisadora do comportamento humano, autora de artigos/livro publicados sobre o tema.

Como os contratos explícitos transformam as relações familiares

<span class="abre-texto">Nestes últimos meses, tenho refletido</span> com frequência sobre os contratos familiares. Contrato, na perspectiva da Análise Transacional conceituado pelo Dr. Eric Berne, é um acordo bilateral explícito. Bilateral, pois pressupõe a participação ativa de ambos os envolvidos. E explícito, pois todos os aspectos precisam ser falados e estar claros para as duas pessoas que fazem parte do relacionamento.

Na Mentoria Integrativa Relacional, desenvolvemos o conceito do Campo Comum de Convivência Contratado, onde o Contrato é um dos pilares de nutrição deste campo relacional. Quando explicitamos ao outro expectativas, necessidades, medos e fantasias, a gramática com que entendemos o que estamos comunicando no relacionamento, a fluidez acontece. A possibilidade de nos sintonizarmos um ao outro é muito maior, abrindo espaço para a construção de um relacionamento de intimidade, onde ambos podem ser eles mesmos, sem precisar “pisar em ovos”.

Porém, tenho observado nos relacionamentos familiares o quanto os diálogos ficam no campo da fantasia. Do que eu acho que o outro está pensando, do que eu gostaria que o outro fizesse sem que eu precise expor, ou seja, adivinhando. Considerando que somos seres únicos, com visão de mundo individual, quando mantenho a comunicação implícita, o outro agirá de acordo com as próprias expectativas e necessidades, e não necessariamente com o que de fato eu preciso.

Quando nos relacionamos, invariavelmente criamos um campo comum de convivência. Ou seja, nossos comportamentos nos contam a gramática da nossa relação e o que podemos esperar uns dos outros. Mas, de novo, muitas vezes isso fica no campo da imaginação e, com isso, vem a frustração do outro não ser ou se comportar de acordo com aquilo que imagino dele.

Por exemplo, um pai e uma mãe que fazem tudo pelos filhos a vida toda começam a se incomodar que o filho precisa crescer, andar com as próprias pernas, não ser tão dependente deles. A partir desse desconforto instalado, começam a não mais fazer as coisas pelo filho, deixam-no andar com as próprias pernas, para que ele cresça e desenvolva a autonomia. Certamente, essa expectativa será frustrada. O filho fica confuso, se sente perdido, não sabe o que está acontecendo e pode, inclusive, interpretar como: eles não me amam mais, eu não tenho mais espaço nessa família, eu não pertenço. E os pais interpretam como: ele não está fazendo esforço nenhum e não quer crescer. Tudo isso está exclusivamente no campo da imaginação e o que parecia ser uma saída extraordinária para apoiar o crescimento do filho, se torna um conflito instalado e promove o distanciamento entre pais e filhos.

Vamos olhar esse mesmo exemplo sob outra perspectiva, do meu ponto de vista, mais eficaz. Eu entro em contato com o desconforto de ver meu filho dependendo de mim para muitas coisas e não o vejo crescendo com isso. Eu me sento e converso com o meu filho, expondo o meu desconforto. Abro espaço para ele compartilhar a perspectiva dele sobre isso, dialogamos juntos sobre as possíveis saídas para o problema, comportamentos e alternativas que nós dois damos conta de colocar em prática e que contemplem as necessidades de ambos. Ao abrir espaço para o diálogo e ao trazer para a conversa as necessidades, fantasias, medos e expectativas, ninguém no relacionamento precisará adivinhar. Poderemos chegar a saídas que contemplem os dois e isso pode fazer a diferença. Ao invés do filho enxergar os pais como uma ameaça, começa a vê-los como parceiros na jornada de desenvolvimento. Abre-se espaço para o diálogo das coisas boas e das coisas não tão boas. Eu posso ser eu mesmo na relação e o outro também. Esse passa a ser um relacionamento seguro para nós.

Essa perspectiva é fácil? Claro que não, pressupõe eu me abrir ao outro, eu falar de mim, eu me expor e isso me deixa em uma situação de vulnerabilidade. Mas isso pode nos fortalecer, pode economizar tempo de vida e podemos aproveitar mais a dádiva da companhia das pessoas importantes da nossa vida. Relacionamentos são construídos e juntos podemos estabelecer espaços seguros, onde podemos ser nós mesmos, onde nossas fantasias, medos e necessidades são acolhidos pelo outro como genuínos e importantes.

Escrevo hoje, impactada pela escrita dos meus colegas colunistas. Sugiro que você mergulhe nos lindos textos construídos por eles. Vejo que juntos estamos mergulhando cada vez mais no desafio de sermos humanos e relacionais.

Carolina Schmitz da Silva
Head Administrativo no Instituto MIR. Mentora Integrativa Relacional Educadora e Supervisora, Analista Transacional Certificada para as áreas organizacional e educacional e Membro Didata em formação– UNAT Brasil, Psicóloga CRP 08/14963, especialista em desenvolvimento organizacional e gestão de pessoas. Pesquisadora do comportamento humano, autora de artigos/livro publicados sobre o tema.
Última atualização
9/3/2024 12:15

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Eu e minhas circunstâncias à busca de propósito

Maku de Almeida
19/5/2024 16:26

Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.

A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Jane Hir
19/5/2024 16:08

Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.

Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.

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