<span class="abre-texto">Ainda com o coração apertado</span> e um intenso sofrimento pelas pessoas atingidas pela violência das guerras, dos assédios, dos maus-tratos – e impotente para grandes ações, meu pensamento mais frequente tem sido: o que posso fazer?
Sei que precisamos, enquanto espécie, tomar decisões para sobrevivermos a nós mesmos. Desde o início, a convivência humana foi pautada por diferentes disputas, armadas ou não, e, junto com os recursos do planeta, os relacionamentos foram desgastados.
Ao olhar a história de nossa espécie, muitos danos foram causados em nome de algo. De poder, de mando, de posse, de crença, de domínio. Quando eliminamos da reflexão todas as considerações socioculturais e políticas, fico congelada na pergunta: por quê? Esta pergunta se junta à primeira lá do primeiro parágrafo.
Grupos inteiros de humanos foram desumanizados para atender aos interesses de poucos. Grupos inteiros foram dizimados em nome das crenças de poucos. Multidões foram exterminadas por alguns poucos que se autoproclamaram sócios-proprietários do planeta.
Somos seres pensantes, capazes de razoabilidade, altruístas por natureza. As crianças, principalmente aquelas que não foram feridas, são capazes de ver outras crianças sem o filtro danoso do poder, do preconceito, das crenças.
Penso (embora com um aperto doloroso no coração) que os cruéis, os preconceituosos, os assassinos, os manipuladores, os mentirosos – se não estão em um adoecimento severo – abrigam dentro de si uma criança ferida, desconfiada, perdida. Tal criança ferida e perdida aprendeu um código violento de sobrevivência. Perdeu cedo demais o motivo para confiar. Uma das primeiras tarefas de sobrevivência do bebê é estabelecer laços confiáveis de segurança com seus cuidadores. A consistência desses cuidadores promove o que virá a ser a confiança ou a desconfiança. Sem poder confiar, a criança luta por seu espaço da forma que for possível. À custa do que aparecer.
Consistência, coerência, cuidado, zelo, atenção, e paciência, juntos com alimentação, segurança pública, educação, e convivência pacífica – dentre outros aspectos e dimensões – são fundamentais e significam, no presente imediato ou no futuro distante, a sobrevivência com consciência coletiva e construção conjunta de soluções.
Há crianças feridas em corpos de adultos que promovem confusões inacreditáveis por aí. Atentas a interesses narcísicos, não encontram ocasião para fazer diferente. Ocorre que esses infantes podem estar e estão em posições de mando. Dentro desse cenário social de incoerências e inconsistências, os adultos não se dedicam à simples e multidimensional obra de orientar uma criança na jornada do viver – assim, perpetuam o dano.
Crianças feridas em corpos de adultos não sabem atuar colaborativamente.
Proporcionar um ambiente rico em estímulos, e validação, um espaço de estabilidade e segurança emocional, nos quais as crianças poderão desabrochar suas capacidades humanas, é a missão. Cada criança é uma possibilidade em andamento. Não para atender aos desejos narcísicos dos pais, mas para assumir a liderança da vida cooperativa no planeta. Como figuras parentais, seja lá em que conformação, podemos olhar para cada projeto humano de pessoa (para as crianças) com o olhar de ineditismo.
Cada criança é única e inédita, e pode criar novas vidas humanas únicas e inéditas. Não podemos, na missão parental, talhar os pequenos segundo as percepções de nossa criança ferida interna. Não podemos impedir os filhos do planeta de experimentarem vida em suas múltiplas dimensões.
Às vezes, tenho vontade, munida de um megafone poderoso, de chamar os adultos para uma revolução às avessas. Em nome, exclusivamente, de uma geração de humanos que não precisa matar, roubar, extorquir, humilhar, excluir, marginalizar, assediar, exterminar outros humanos. Que utiliza os recursos de poder (quaisquer que sejam) para gerar mais vida, e não para o domínio.
Partilho aqui a minha esperança: se muitos adultos se dedicarem amorosamente ao projeto humano de orientar crianças, teremos muitos adultos que vão resistir à violência, no futuro. Aqueles adultos trocarão a competição pelo amor.
A Terra poderá, quem sabe, ganhar mais um tempo de vida.
Podemos começar a fazer pouco, todos os dias, até que o amor incondicional humano recupere o espaço perdido. Nossa espécie está se exaurindo no ódio. Precisamos nos recuperar pelo amor.
Ilustração: Vinícius Sgarbe.
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.
<span class="abre-texto">Ainda com o coração apertado</span> e um intenso sofrimento pelas pessoas atingidas pela violência das guerras, dos assédios, dos maus-tratos – e impotente para grandes ações, meu pensamento mais frequente tem sido: o que posso fazer?
Sei que precisamos, enquanto espécie, tomar decisões para sobrevivermos a nós mesmos. Desde o início, a convivência humana foi pautada por diferentes disputas, armadas ou não, e, junto com os recursos do planeta, os relacionamentos foram desgastados.
Ao olhar a história de nossa espécie, muitos danos foram causados em nome de algo. De poder, de mando, de posse, de crença, de domínio. Quando eliminamos da reflexão todas as considerações socioculturais e políticas, fico congelada na pergunta: por quê? Esta pergunta se junta à primeira lá do primeiro parágrafo.
Grupos inteiros de humanos foram desumanizados para atender aos interesses de poucos. Grupos inteiros foram dizimados em nome das crenças de poucos. Multidões foram exterminadas por alguns poucos que se autoproclamaram sócios-proprietários do planeta.
Somos seres pensantes, capazes de razoabilidade, altruístas por natureza. As crianças, principalmente aquelas que não foram feridas, são capazes de ver outras crianças sem o filtro danoso do poder, do preconceito, das crenças.
Penso (embora com um aperto doloroso no coração) que os cruéis, os preconceituosos, os assassinos, os manipuladores, os mentirosos – se não estão em um adoecimento severo – abrigam dentro de si uma criança ferida, desconfiada, perdida. Tal criança ferida e perdida aprendeu um código violento de sobrevivência. Perdeu cedo demais o motivo para confiar. Uma das primeiras tarefas de sobrevivência do bebê é estabelecer laços confiáveis de segurança com seus cuidadores. A consistência desses cuidadores promove o que virá a ser a confiança ou a desconfiança. Sem poder confiar, a criança luta por seu espaço da forma que for possível. À custa do que aparecer.
Consistência, coerência, cuidado, zelo, atenção, e paciência, juntos com alimentação, segurança pública, educação, e convivência pacífica – dentre outros aspectos e dimensões – são fundamentais e significam, no presente imediato ou no futuro distante, a sobrevivência com consciência coletiva e construção conjunta de soluções.
Há crianças feridas em corpos de adultos que promovem confusões inacreditáveis por aí. Atentas a interesses narcísicos, não encontram ocasião para fazer diferente. Ocorre que esses infantes podem estar e estão em posições de mando. Dentro desse cenário social de incoerências e inconsistências, os adultos não se dedicam à simples e multidimensional obra de orientar uma criança na jornada do viver – assim, perpetuam o dano.
Crianças feridas em corpos de adultos não sabem atuar colaborativamente.
Proporcionar um ambiente rico em estímulos, e validação, um espaço de estabilidade e segurança emocional, nos quais as crianças poderão desabrochar suas capacidades humanas, é a missão. Cada criança é uma possibilidade em andamento. Não para atender aos desejos narcísicos dos pais, mas para assumir a liderança da vida cooperativa no planeta. Como figuras parentais, seja lá em que conformação, podemos olhar para cada projeto humano de pessoa (para as crianças) com o olhar de ineditismo.
Cada criança é única e inédita, e pode criar novas vidas humanas únicas e inéditas. Não podemos, na missão parental, talhar os pequenos segundo as percepções de nossa criança ferida interna. Não podemos impedir os filhos do planeta de experimentarem vida em suas múltiplas dimensões.
Às vezes, tenho vontade, munida de um megafone poderoso, de chamar os adultos para uma revolução às avessas. Em nome, exclusivamente, de uma geração de humanos que não precisa matar, roubar, extorquir, humilhar, excluir, marginalizar, assediar, exterminar outros humanos. Que utiliza os recursos de poder (quaisquer que sejam) para gerar mais vida, e não para o domínio.
Partilho aqui a minha esperança: se muitos adultos se dedicarem amorosamente ao projeto humano de orientar crianças, teremos muitos adultos que vão resistir à violência, no futuro. Aqueles adultos trocarão a competição pelo amor.
A Terra poderá, quem sabe, ganhar mais um tempo de vida.
Podemos começar a fazer pouco, todos os dias, até que o amor incondicional humano recupere o espaço perdido. Nossa espécie está se exaurindo no ódio. Precisamos nos recuperar pelo amor.
Ilustração: Vinícius Sgarbe.
O Brasil atingiu dois recordes consecutivos na geração de energia eólica em novembro deste ano. No dia 3, a produção média horária alcançou 23.699 megawatts médios (MWmed). Já no dia 4, foi registrado o maior volume diário, com 18.976 MWmed. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (9) pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Conforme a pasta, "os resultados destacam o avanço da energia eólica como uma fonte essencial para a matriz energética do país", confirmando o papel dessa tecnologia no fornecimento sustentável de energia.
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao prêmio Globo de Ouro na categoria de melhor filme de língua estrangeira. A atriz Fernanda Torres também foi indicada a melhor atriz junto com Tilda Swinton, Kate Winslet, Angelina Jolie e Nicole Kidman.
Ainda Estou Aqui narra a trajetória da família Paiva — a mãe, Eunice, e os cinco filhos — após o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto pela ditadura militar brasileira.