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Opinião

Candidatos de 2024 têm R$ 4,9 bi para renovar estragos na própria família e na vida pública

Eleições 2024 no Brasil: o dilema entre a manutenção do Fundo Eleitoral e a busca por candidatos carismáticos e éticos, refletindo a insatisfação popular.Eleições 2024 no Brasil: o dilema entre a manutenção do Fundo Eleitoral e a busca por candidatos carismáticos e éticos, refletindo a insatisfação popular.
Arte Cidade Capital
/
Adobe Firefly
Vinícius Sgarbe

<span class="abre-texto">As eleições de 2024 vão dar o tom</span> municipal da insatisfação dos brasileiros quanto ao sistema político. Os números da aprovação do atual governo federal estão praticamente intactos desde março (Datafolha). É líquido e certo que esse aspecto da percepção individual dos eleitores vai ser explorado (mais uma vez), na apresentação dos candidatos como solucionadores da injustiça.

No apagar das luzes do ano passado, o Congresso rejeitou uma proposta para a redução do Fundo Eleitoral de R$ 4,9 bilhões para R$ 900 milhões. Há dinheiro o suficiente para fazer o ético e o antiético, o moral e o imoral. De todo modo, custa caro fazer democracia. Se bem empregada, essa grana faz muito bem para o país.

Raros, porém notáveis, são os casos de candidatos razoáveis.

Dessa estirpe somente sobrevivem os que têm o fortíssimo traço do carisma – algo que pode se confundir com a própria inteligência relacional. É gente que trafega, entra em portas abertas, mantém os próprios acessos disponíveis. Raríssimos, a bem da verdade. Valem, sozinhos, bancadas inteiras.

De resto, esperamos por promessas miúdas das elites políticas, e dos líderes emergentes.

Os primeiros negociavam com concessões públicas, cartórios, visitas guiadas pelos gabinetes. Hoje, perderam um pouco do poder que tinham sobre a coisa pública. Mas gozam de prestígio entre seus eleitores, dada a altíssima qualidade da relação paternal que estabelecem.

Já os emergentes são os que têm acesso ao dinheiro que compra imagem pública (mesmo que às vezes o caixa eletrônico seja a máquina pública). Quando não dinheiro, sim escândalo. Daí vem a enxurrada de neurose, psicose e perversão do candidato brasileiro. É preciso ser diferenciado, nem que seja prometendo uma nova ponte. “Mas, candidato, aqui não tem rio”. Então ele promete um novo rio também.

É apropriado arrematar com o seguinte: herdeiros de impérios políticos, empresários, e sertanejos de sucesso, ou fundamentalistas religiosos, impressionam por suas conquistas, mas nos preocupam pela consequência social de suas campanhas e gestões no longo prazo. Mas eles podem surpreender com algo que seja – nem que seja só um pouquinho – melhor. Uma campanha mais organizada (organizada no sentido de dinheiro bem empregado), e honesta (honesta no sentido de reconhecer as limitações da política) é bem-vinda.

Diferentemente do que o marketing político antigo exige dos candidatos (que é partir para a disputa de visibilidade a qualquer custo), minha proposta é a de uma profunda introspecção antes das eleições. Isso poderia manter o funcionamento do candidato, e de sua família, na passagem do furacão eleitoral.

Última atualização
23/1/2024 18:15
Vinícius Sgarbe
Jornalista, analista transacional, e pesquisador.

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Maku de Almeida
19/5/2024 16:26

Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.

A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Jane Hir
19/5/2024 16:08

Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.

Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.

Opinião

Candidatos de 2024 têm R$ 4,9 bi para renovar estragos na própria família e na vida pública

Eleições 2024 no Brasil: o dilema entre a manutenção do Fundo Eleitoral e a busca por candidatos carismáticos e éticos, refletindo a insatisfação popular.Eleições 2024 no Brasil: o dilema entre a manutenção do Fundo Eleitoral e a busca por candidatos carismáticos e éticos, refletindo a insatisfação popular.
Arte Cidade Capital
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Vinícius Sgarbe
Jornalista, analista transacional, e pesquisador.
16/1/2024 17:19
Vinícius Sgarbe

Candidatos têm R$ 4,9 bi para renovar estragos na família e na vida pública

<span class="abre-texto">As eleições de 2024 vão dar o tom</span> municipal da insatisfação dos brasileiros quanto ao sistema político. Os números da aprovação do atual governo federal estão praticamente intactos desde março (Datafolha). É líquido e certo que esse aspecto da percepção individual dos eleitores vai ser explorado (mais uma vez), na apresentação dos candidatos como solucionadores da injustiça.

No apagar das luzes do ano passado, o Congresso rejeitou uma proposta para a redução do Fundo Eleitoral de R$ 4,9 bilhões para R$ 900 milhões. Há dinheiro o suficiente para fazer o ético e o antiético, o moral e o imoral. De todo modo, custa caro fazer democracia. Se bem empregada, essa grana faz muito bem para o país.

Raros, porém notáveis, são os casos de candidatos razoáveis.

Dessa estirpe somente sobrevivem os que têm o fortíssimo traço do carisma – algo que pode se confundir com a própria inteligência relacional. É gente que trafega, entra em portas abertas, mantém os próprios acessos disponíveis. Raríssimos, a bem da verdade. Valem, sozinhos, bancadas inteiras.

De resto, esperamos por promessas miúdas das elites políticas, e dos líderes emergentes.

Os primeiros negociavam com concessões públicas, cartórios, visitas guiadas pelos gabinetes. Hoje, perderam um pouco do poder que tinham sobre a coisa pública. Mas gozam de prestígio entre seus eleitores, dada a altíssima qualidade da relação paternal que estabelecem.

Já os emergentes são os que têm acesso ao dinheiro que compra imagem pública (mesmo que às vezes o caixa eletrônico seja a máquina pública). Quando não dinheiro, sim escândalo. Daí vem a enxurrada de neurose, psicose e perversão do candidato brasileiro. É preciso ser diferenciado, nem que seja prometendo uma nova ponte. “Mas, candidato, aqui não tem rio”. Então ele promete um novo rio também.

É apropriado arrematar com o seguinte: herdeiros de impérios políticos, empresários, e sertanejos de sucesso, ou fundamentalistas religiosos, impressionam por suas conquistas, mas nos preocupam pela consequência social de suas campanhas e gestões no longo prazo. Mas eles podem surpreender com algo que seja – nem que seja só um pouquinho – melhor. Uma campanha mais organizada (organizada no sentido de dinheiro bem empregado), e honesta (honesta no sentido de reconhecer as limitações da política) é bem-vinda.

Diferentemente do que o marketing político antigo exige dos candidatos (que é partir para a disputa de visibilidade a qualquer custo), minha proposta é a de uma profunda introspecção antes das eleições. Isso poderia manter o funcionamento do candidato, e de sua família, na passagem do furacão eleitoral.

Vinícius Sgarbe
Jornalista, analista transacional, e pesquisador.
Última atualização
23/1/2024 18:15

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Eu e minhas circunstâncias à busca de propósito

Maku de Almeida
19/5/2024 16:26

Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.

A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Jane Hir
19/5/2024 16:08

Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.

Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.

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