<span class="abre-texto">Conviver, do Latim</span> Convivere, significa viver junto. Vivemos juntos com nossos amores e aprendemos a lidar com as dificuldades do dia a dia gerada pelas diferenças nas necessidades, hábitos e rotinas que nos acompanham boa parte da nossa vida. Negociamos limites, dialogamos sobre desconfortos, acordamos aspectos da convivência que permitam a todos ficarem bem grande parte do tempo.
E quando vivemos juntos com estranhos? Eles estão no condomínio, no trabalho, no shopping, na rua, nos diversos estabelecimentos comerciais, no trânsito e em qualquer lugar da porta para fora da nossa casa.
Com os nossos amores, por mais difícil que seja em alguns momentos, podemos dialogar e contratar, criando as nossas regras de convivência, mas no coletivo dependemos do bom senso de cada um.
E afinal de contas, o que é bom senso? Segundo o dicionário Michaellis, significa (a) faculdade natural de julgar (algo, alguém) de maneira correta e equilibrada; (b) capacidade ou aptidão de distinguir o certo do errado, o bem do mal, o verdadeiro do falso, em questões cotidianas e corriqueiras que não exijam grandes reflexões ou soluções científicas ou técnicas, resolvendo assim problemas conforme o senso comum.
Considerando que cada um de nós adquiriu um conjunto específico de valores, incorporou eles de uma maneira particularizada, cada um interpretará o bom senso também de um jeito individualizado.
Somos regidos por regras sociais, regras de trânsito, regras de atendimento em órgãos públicos, regras do consumidor, conjunto de leis e a própria constituição, justamente para facilitar o conviver, para que as pessoas possam viver juntas respeitando os limites dos outros. Mas para isso, as regras precisam ser seguidas.
Diariamente me vejo em situações onde os limites são invadidos e o bom senso, do meu ponto de vista, não é de fato bom senso. Pessoas correndo para passar na frente do outro e ficar em primeiro lugar na fila; som em altura que invade o espaço e privacidade de outros, muitas vezes fora do horário das regras sociais; atitude desrespeitosa diante de outra pessoa em prol de necessidades individuais; brigas no trânsito; tomada de decisão individual e individualista em contextos que envolvem outras pessoas, exclusivamente para tirar proveito e atender os próprios desejos.
Toda vez que uma decisão é tomada exclusivamente considerando o próprio umbigo, o conviver e o bom senso deixam de ser considerado e o viver coletivo se torna cada vez mais difícil e complexo. Isso é triste, somos seres coletivos, dependemos desse viver coletivo para a nossa sobrevivência.
Nesse momento gostaria de lhe fazer um convite: a cada decisão que você tomar, a cada atitude/comportamento, coloque em seu pensamento os impactos dessa ação e decisão. Ela envolve outras pessoas? Outras pessoas poderão ser impactadas? Há potencial de invasão? Posso fazer mal a alguém? Que atitudes posso tomar hoje para que eu não invada o espaço do outro? Existe alguma regra relacionada a minha decisão? Eu vou descumpri-la?
Se cada um de nós fizer a nossa parte, ponderando o desejo individual com os limites coletivos, podemos estabelecer relacionamentos com os estranhos da nossa vida de uma maneira respeitosa, podemos ganhar tempo de vida (como diz uma amiga muito querida, Maku de Almeida), dedicando nossa energia para o que realmente é importante para nós mesmos.
Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.
A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".
Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.
Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.
<span class="abre-texto">Conviver, do Latim</span> Convivere, significa viver junto. Vivemos juntos com nossos amores e aprendemos a lidar com as dificuldades do dia a dia gerada pelas diferenças nas necessidades, hábitos e rotinas que nos acompanham boa parte da nossa vida. Negociamos limites, dialogamos sobre desconfortos, acordamos aspectos da convivência que permitam a todos ficarem bem grande parte do tempo.
E quando vivemos juntos com estranhos? Eles estão no condomínio, no trabalho, no shopping, na rua, nos diversos estabelecimentos comerciais, no trânsito e em qualquer lugar da porta para fora da nossa casa.
Com os nossos amores, por mais difícil que seja em alguns momentos, podemos dialogar e contratar, criando as nossas regras de convivência, mas no coletivo dependemos do bom senso de cada um.
E afinal de contas, o que é bom senso? Segundo o dicionário Michaellis, significa (a) faculdade natural de julgar (algo, alguém) de maneira correta e equilibrada; (b) capacidade ou aptidão de distinguir o certo do errado, o bem do mal, o verdadeiro do falso, em questões cotidianas e corriqueiras que não exijam grandes reflexões ou soluções científicas ou técnicas, resolvendo assim problemas conforme o senso comum.
Considerando que cada um de nós adquiriu um conjunto específico de valores, incorporou eles de uma maneira particularizada, cada um interpretará o bom senso também de um jeito individualizado.
Somos regidos por regras sociais, regras de trânsito, regras de atendimento em órgãos públicos, regras do consumidor, conjunto de leis e a própria constituição, justamente para facilitar o conviver, para que as pessoas possam viver juntas respeitando os limites dos outros. Mas para isso, as regras precisam ser seguidas.
Diariamente me vejo em situações onde os limites são invadidos e o bom senso, do meu ponto de vista, não é de fato bom senso. Pessoas correndo para passar na frente do outro e ficar em primeiro lugar na fila; som em altura que invade o espaço e privacidade de outros, muitas vezes fora do horário das regras sociais; atitude desrespeitosa diante de outra pessoa em prol de necessidades individuais; brigas no trânsito; tomada de decisão individual e individualista em contextos que envolvem outras pessoas, exclusivamente para tirar proveito e atender os próprios desejos.
Toda vez que uma decisão é tomada exclusivamente considerando o próprio umbigo, o conviver e o bom senso deixam de ser considerado e o viver coletivo se torna cada vez mais difícil e complexo. Isso é triste, somos seres coletivos, dependemos desse viver coletivo para a nossa sobrevivência.
Nesse momento gostaria de lhe fazer um convite: a cada decisão que você tomar, a cada atitude/comportamento, coloque em seu pensamento os impactos dessa ação e decisão. Ela envolve outras pessoas? Outras pessoas poderão ser impactadas? Há potencial de invasão? Posso fazer mal a alguém? Que atitudes posso tomar hoje para que eu não invada o espaço do outro? Existe alguma regra relacionada a minha decisão? Eu vou descumpri-la?
Se cada um de nós fizer a nossa parte, ponderando o desejo individual com os limites coletivos, podemos estabelecer relacionamentos com os estranhos da nossa vida de uma maneira respeitosa, podemos ganhar tempo de vida (como diz uma amiga muito querida, Maku de Almeida), dedicando nossa energia para o que realmente é importante para nós mesmos.
Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.
A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".
Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.
Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.