<span class="abre-texto">A vida nos presenteia a todo momento:</span> um sorriso aqui, uma flor que se mostra ali, um reencontro inesperado, uma palavra de apoio, um olhar de aprovação.
Em meio às contínuas indagações da existência, esses presentes nos chegam como respostas do Amor. Se de todo não dissipam as sombras, com certeza abrem um rastro luminoso por onde os nossos passos trôpegos conseguem continuar a caminhada.
Aconteceu comigo, no mês passado, em dose dupla. Dois presentes me foram entregues. Duas vezes colhi os frutos das escolhas que fiz. E nas duas vezes me senti abençoada.
Primeiro, tive a alegria de estar em uma live com Thalis Vasconcellos, um ex-aluno meu, agora acadêmico de medicina da UFPR. Nessa roda de conversa, ele expôs a sua experiência de estudo na preparação para o vestibular e anunciou a autoria de um e-book com o título “Os 10 vacilos que te impedem de passar no vestibular”.
Mais que um excelente material de orientação para o estudo, esse e-book é um convite à construção da autonomia e à busca de um sentido maior para a vida. Nele, o autor discorre com firmeza sobre o seu propósito de vida e sua fé. Tive a honra de ser sua mentora na apropriação da escrita acadêmica e vê-lo utilizando a escrita como “arma e sonho” (Kramer, 1993) me encheu de orgulho e alegria.
O segundo presente chegou envolto nos véus da saudade: tive a primeira aula com a neta da Cleo (amiga-irmã que não mais nesta dimensão). Eu já conhecia a Ana Júlia pelo olhar apaixonado da avó. Amor à primeira vista!
Olhar para Ana Júlia me fez voltar no tempo mais de trinta anos. Lembrei do meu encontro com a sua avó. Encontro esse que redefiniu a minha rota enquanto professora e mulher.
Junto a essa lembrança veio a imagem da sua filha, hoje mãe da Ana Júlia, e naquela época minha aluna da Educação Infantil. Avó, mãe e neta. Três gerações unidas pelo amor e pelo compromisso com a Vida.
O aluno já não é mais aluno. Agora, escrevente da própria vida, se faz jovem companheiro de jornada. A neta reacende em mim a esperança do futuro, tantas vezes tecida nas minhas conversas com sua avó.
Sim, o profeta tinha razão. “O rio não desaparece no oceano. Ele se faz oceano”.
KRAMER, Sonia. Por entre as pedras: arma e sonho na escola. Editora Atica, 1993.
Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.
A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".
Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.
Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.
<span class="abre-texto">A vida nos presenteia a todo momento:</span> um sorriso aqui, uma flor que se mostra ali, um reencontro inesperado, uma palavra de apoio, um olhar de aprovação.
Em meio às contínuas indagações da existência, esses presentes nos chegam como respostas do Amor. Se de todo não dissipam as sombras, com certeza abrem um rastro luminoso por onde os nossos passos trôpegos conseguem continuar a caminhada.
Aconteceu comigo, no mês passado, em dose dupla. Dois presentes me foram entregues. Duas vezes colhi os frutos das escolhas que fiz. E nas duas vezes me senti abençoada.
Primeiro, tive a alegria de estar em uma live com Thalis Vasconcellos, um ex-aluno meu, agora acadêmico de medicina da UFPR. Nessa roda de conversa, ele expôs a sua experiência de estudo na preparação para o vestibular e anunciou a autoria de um e-book com o título “Os 10 vacilos que te impedem de passar no vestibular”.
Mais que um excelente material de orientação para o estudo, esse e-book é um convite à construção da autonomia e à busca de um sentido maior para a vida. Nele, o autor discorre com firmeza sobre o seu propósito de vida e sua fé. Tive a honra de ser sua mentora na apropriação da escrita acadêmica e vê-lo utilizando a escrita como “arma e sonho” (Kramer, 1993) me encheu de orgulho e alegria.
O segundo presente chegou envolto nos véus da saudade: tive a primeira aula com a neta da Cleo (amiga-irmã que não mais nesta dimensão). Eu já conhecia a Ana Júlia pelo olhar apaixonado da avó. Amor à primeira vista!
Olhar para Ana Júlia me fez voltar no tempo mais de trinta anos. Lembrei do meu encontro com a sua avó. Encontro esse que redefiniu a minha rota enquanto professora e mulher.
Junto a essa lembrança veio a imagem da sua filha, hoje mãe da Ana Júlia, e naquela época minha aluna da Educação Infantil. Avó, mãe e neta. Três gerações unidas pelo amor e pelo compromisso com a Vida.
O aluno já não é mais aluno. Agora, escrevente da própria vida, se faz jovem companheiro de jornada. A neta reacende em mim a esperança do futuro, tantas vezes tecida nas minhas conversas com sua avó.
Sim, o profeta tinha razão. “O rio não desaparece no oceano. Ele se faz oceano”.
KRAMER, Sonia. Por entre as pedras: arma e sonho na escola. Editora Atica, 1993.
Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.
A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".
Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.
Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.