A semana começou quente na Câmara Municipal de Curitiba: os vereadores deram início à votação dos novos planos de carreira do funcionalismo público. São seis projetos que abrangem cerca de 10 mil servidores públicos municipais, de cento e vinte e cinco cargos diferentes. Entre eles, estão os auditores fiscais, procuradores, magistério e guardas municipais.
Esta negociação vem se arrastando há tempos, com debates acalorados. Cada um com sua razão, ninguém quer perder! Os servidores públicos sabem que o que for definido na casa de leis afeta o futuro de todos, inclusive na aposentadoria.
No Brasil criou-se — sem motivo — um ambiente hostil para qualquer discussão sobre planos de carreira e condições de trabalho. Em especial, quando trata-se de salários do funcionalismo público, seja municipal, estadual ou federal. Uma bobagem combinada à ignorância!
São eles quem fazem a máquina pública movimentar: o Município, o Estado e o Brasil caminham por causa deles. Todos os dias precisamos de algum órgão público, seja em qual esfera for. Quem resolve estas situações? O vereador, o prefeito, o deputado ou o senador? Nenhum deles! É o funcionário público que está na ponta do problema, e que no Brasil ainda é visto como estorvo. Muitas vezes, é, inclusive, transformado em moeda de troca numa negociação política. Sim, às vezes são “vendidos” por alguns sindicatos não tão sérios. Mas são poucos, ainda bem.
Algumas pessoas se fazem valer do egoísmo e da cultura de furar a fila para propagar um atendimento mal feito em qualquer setor público. E há, é claro. Mas existe, também, a falta de compreensão do cidadão com o trabalho dos servidores públicos no Brasil — taxados de indolentes, de alguém que inicia a semana pensando no fim dela — são falácias que muitos criam e disseminam. É a mentira contada três vezes que pode virar uma verdade, mas não é.
Ao contrário do que muitos pensam, há uma defasagem gigantesca de servidores públicos no Brasil. Pouco mais de 12% da nossa população é composta de servidores públicos, para atender quase 215 milhões de pessoas. Os países desenvolvidos investem muito mais nisso! Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OCDE, a Noruega tem 30%, Dinamarca, 28%; França, 21%; Inglaterra, 16% e os EUA têm 15% da sua população sendo servidores públicos. Os números desmentem o que contam por aí, 'que o Brasil tem servidor público demais'. Não é verdade.
Durante as discussões na Câmara Municipal, o que mais se falava era sobre a responsabilidade fiscal e o impacto financeiro. Mas isso é só com o funcionário público? E os cargos em comissão? Aqueles que não entendem nada ou quase nada do serviço? Pouco aparecem no trabalho, ganham bem e são apadrinhados políticos? Não podem ser punidos por nada, justamente porque têm as costas largas de um vereador, de um deputado, senador ou de um político poderoso qualquer.
Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.
A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".
Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.
Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.
A semana começou quente na Câmara Municipal de Curitiba: os vereadores deram início à votação dos novos planos de carreira do funcionalismo público. São seis projetos que abrangem cerca de 10 mil servidores públicos municipais, de cento e vinte e cinco cargos diferentes. Entre eles, estão os auditores fiscais, procuradores, magistério e guardas municipais.
Esta negociação vem se arrastando há tempos, com debates acalorados. Cada um com sua razão, ninguém quer perder! Os servidores públicos sabem que o que for definido na casa de leis afeta o futuro de todos, inclusive na aposentadoria.
No Brasil criou-se — sem motivo — um ambiente hostil para qualquer discussão sobre planos de carreira e condições de trabalho. Em especial, quando trata-se de salários do funcionalismo público, seja municipal, estadual ou federal. Uma bobagem combinada à ignorância!
São eles quem fazem a máquina pública movimentar: o Município, o Estado e o Brasil caminham por causa deles. Todos os dias precisamos de algum órgão público, seja em qual esfera for. Quem resolve estas situações? O vereador, o prefeito, o deputado ou o senador? Nenhum deles! É o funcionário público que está na ponta do problema, e que no Brasil ainda é visto como estorvo. Muitas vezes, é, inclusive, transformado em moeda de troca numa negociação política. Sim, às vezes são “vendidos” por alguns sindicatos não tão sérios. Mas são poucos, ainda bem.
Algumas pessoas se fazem valer do egoísmo e da cultura de furar a fila para propagar um atendimento mal feito em qualquer setor público. E há, é claro. Mas existe, também, a falta de compreensão do cidadão com o trabalho dos servidores públicos no Brasil — taxados de indolentes, de alguém que inicia a semana pensando no fim dela — são falácias que muitos criam e disseminam. É a mentira contada três vezes que pode virar uma verdade, mas não é.
Ao contrário do que muitos pensam, há uma defasagem gigantesca de servidores públicos no Brasil. Pouco mais de 12% da nossa população é composta de servidores públicos, para atender quase 215 milhões de pessoas. Os países desenvolvidos investem muito mais nisso! Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OCDE, a Noruega tem 30%, Dinamarca, 28%; França, 21%; Inglaterra, 16% e os EUA têm 15% da sua população sendo servidores públicos. Os números desmentem o que contam por aí, 'que o Brasil tem servidor público demais'. Não é verdade.
Durante as discussões na Câmara Municipal, o que mais se falava era sobre a responsabilidade fiscal e o impacto financeiro. Mas isso é só com o funcionário público? E os cargos em comissão? Aqueles que não entendem nada ou quase nada do serviço? Pouco aparecem no trabalho, ganham bem e são apadrinhados políticos? Não podem ser punidos por nada, justamente porque têm as costas largas de um vereador, de um deputado, senador ou de um político poderoso qualquer.
Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.
A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".
Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.
Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.