<span class="abre-texto">O senador em via de perder</span> o mandato Sergio Moro (União Brasil) usou a metade de seu artigo de opinião publicado pelo site de notícias bolsonaristas Gazeta do Povo para afirmar que Mark Twain foi um dos maiores escritores de todos os tempos. É sabido nacionalmente que Moro não é adepto da literatura, o que se evidenciou em uma entrevista que deu ao jornalista Pedro Bial. Naquela ocasião, o então líder da Lava Jato disse que gostava biografias, mas que não lembrava qual tinha sido a última que tinha lido.
Vou usar a metade desta nota para comentar essa preferência no mínimo duvidosa do senador por um escritor que está longe de ser "um dos maiores escritores de todos os tempos" (pelo menos na comparação com os maiores escritores do mundo). Pergunto-me sobre dois caminhos de interpretação possíveis. Um. Sergio Moro é um legítimo ignorante? Dois. Sergio Moro aderiu de corpo e alma ao espírito esdrúxulo de causar confusão no palco público?
O fato é que o artigo de Moro traz somente uma novidade, a de que agora ele se junta aos comparsas do caos para propalar que o Brasil está sob censura. Ontem, em um almoço de família, uma senhora me perguntou se o país tinha liberdade o suficiente para a expressão de ideias. Respondi que o colar que ela estava usando era roubado. Depois de atiçar a curiosidade, expliquei que não se pode dialogar com o crime. Opinião não é crime. Calúnia e difamação, sim. E que meu comportamento de acusá-la de ladra tinha, sim, de ser coibido. Ela parece ter ficado satisfeita com a resposta.
Moro pode não ser um espião dos Estados Unidos, como acreditam conspiracionistas de esquerda, não deve ser. Mas a mentalidade dele é contaminada por um comportamento que varia entre a baixeza de um programa policial local, na ideia de "colocar os bandidos atrás das grades", e a megalomania estadunidense de ser a polícia do mundo. Em última instância, pergunto também: o que o Brasil tem a ver com as ditaduras do mundo? É para a gente fazer guerra com esse pessoal?
Eu não queria, você não queria, Moro não queria, estar na pele do ex-juiz da Lava Jato. Tal qual um soberano primitivo, ele foi adorado pelo pelo povo antes de ser desprezado e tratado como inimigo. O presidente que tinha ajudado a eleger, Jair Messias Bolsonaro (PL), deu as vagas no Supremo Tribunal Federal para dois homens até então desconhecidos.
O promotor cupincha da Lava Jato, Deltan Dallagnol (Podemos), teve uma votação recorde para a Câmara dos Deputados, mas foi cassado. A resposta das ruas, que seria, digamos, muito bem-vinda, simplesmente não veio. As cenas ridículas do desfile de Dallagnol pelo Centro Cívico a mim causaram dó. Eu não gosto de ver políticos e bandidos serem submetidos a humilhações públicas. O que será da cassação iminente do eminente Moro não sabemos.
O número de mortes causadas por policiais militares no estado de São Paulo quase dobraram em relação ao primeiro semestre de 2023. Neste ano, foram registrados 296 óbitos, contra 154 no mesmo período do ano passado.
As operações policiais na Baixada Santista, como a Operação Escudo e a Operação Verão, são apontadas como fatores para o aumento da violência policial.
Nesses últimos dias, meu diálogo interno teve entusiasmadas e atrapalhadas conversas, diante de momentos de puro prazer e outros de tormenta pura.
A vida segue, os tempos bons e os desafios se apresentam.
<span class="abre-texto">O senador em via de perder</span> o mandato Sergio Moro (União Brasil) usou a metade de seu artigo de opinião publicado pelo site de notícias bolsonaristas Gazeta do Povo para afirmar que Mark Twain foi um dos maiores escritores de todos os tempos. É sabido nacionalmente que Moro não é adepto da literatura, o que se evidenciou em uma entrevista que deu ao jornalista Pedro Bial. Naquela ocasião, o então líder da Lava Jato disse que gostava biografias, mas que não lembrava qual tinha sido a última que tinha lido.
Vou usar a metade desta nota para comentar essa preferência no mínimo duvidosa do senador por um escritor que está longe de ser "um dos maiores escritores de todos os tempos" (pelo menos na comparação com os maiores escritores do mundo). Pergunto-me sobre dois caminhos de interpretação possíveis. Um. Sergio Moro é um legítimo ignorante? Dois. Sergio Moro aderiu de corpo e alma ao espírito esdrúxulo de causar confusão no palco público?
O fato é que o artigo de Moro traz somente uma novidade, a de que agora ele se junta aos comparsas do caos para propalar que o Brasil está sob censura. Ontem, em um almoço de família, uma senhora me perguntou se o país tinha liberdade o suficiente para a expressão de ideias. Respondi que o colar que ela estava usando era roubado. Depois de atiçar a curiosidade, expliquei que não se pode dialogar com o crime. Opinião não é crime. Calúnia e difamação, sim. E que meu comportamento de acusá-la de ladra tinha, sim, de ser coibido. Ela parece ter ficado satisfeita com a resposta.
Moro pode não ser um espião dos Estados Unidos, como acreditam conspiracionistas de esquerda, não deve ser. Mas a mentalidade dele é contaminada por um comportamento que varia entre a baixeza de um programa policial local, na ideia de "colocar os bandidos atrás das grades", e a megalomania estadunidense de ser a polícia do mundo. Em última instância, pergunto também: o que o Brasil tem a ver com as ditaduras do mundo? É para a gente fazer guerra com esse pessoal?
Eu não queria, você não queria, Moro não queria, estar na pele do ex-juiz da Lava Jato. Tal qual um soberano primitivo, ele foi adorado pelo pelo povo antes de ser desprezado e tratado como inimigo. O presidente que tinha ajudado a eleger, Jair Messias Bolsonaro (PL), deu as vagas no Supremo Tribunal Federal para dois homens até então desconhecidos.
O promotor cupincha da Lava Jato, Deltan Dallagnol (Podemos), teve uma votação recorde para a Câmara dos Deputados, mas foi cassado. A resposta das ruas, que seria, digamos, muito bem-vinda, simplesmente não veio. As cenas ridículas do desfile de Dallagnol pelo Centro Cívico a mim causaram dó. Eu não gosto de ver políticos e bandidos serem submetidos a humilhações públicas. O que será da cassação iminente do eminente Moro não sabemos.
O número de mortes causadas por policiais militares no estado de São Paulo quase dobraram em relação ao primeiro semestre de 2023. Neste ano, foram registrados 296 óbitos, contra 154 no mesmo período do ano passado.
As operações policiais na Baixada Santista, como a Operação Escudo e a Operação Verão, são apontadas como fatores para o aumento da violência policial.
Nesses últimos dias, meu diálogo interno teve entusiasmadas e atrapalhadas conversas, diante de momentos de puro prazer e outros de tormenta pura.
A vida segue, os tempos bons e os desafios se apresentam.