Professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) realizam um mapeamento inédito de pinturas rupestres na Escarpa Devoniana, e identificam 1.212 figuras em 277 painéis, espalhados por 52 sítios arqueológicos. Este projeto, conduzido pelo Grupo Universitário de Pesquisa Espeleológicas (Gupe) ao longo de três anos, também descobriu 27 novos sítios arqueológicos e 12 oficinas líticas. O estudo, parte do projeto PGRupestre, fez 14 mil fotografias em alta resolução para registrar os vestígios arqueológicos.

“Trata-se de um inventário de alto nível de detalhamento, nunca antes realizado nos sítios arqueológicos de Ponta Grossa. Esse trabalho é único, inclusive, para a região dos Campos Gerais”, destaca Laís Luana Massuqueto, coordenadora substituta do projeto e professora do Departamento de Geociências da UEPG.

O inventário produz um índice estatístico detalhado sobre o grafismo rupestre da Escarpa Devoniana, facilitando pesquisas futuras. Laís explica que o estudo permite identificar os tipos de grafismos em cada painel, oferecendo uma referência precisa para futuras investigações arqueológicas.

Os resultados indicam que a maioria das figuras (44,88%) são incompletas ou manchas, refletindo a degradação natural das rochas. As figuras geométricas representam 30,69% das representações, seguidas por pinturas zoomórficas (21,86%), com destaque para cervídeos e aviformes. As categorias restantes incluem representações fitomórficas, antropomórficas e marcas de mãos.

“Conhecer e inventariar esses achados é de fundamental importância para garantir a proteção desse patrimônio cultural”, afirma Laís. Ela ressalta a importância do projeto PGRupestre para entender a história dos povos indígenas que habitaram a região, considerando-o um marco para a ciência regional e a preservação da história humana em Ponta Grossa e arredores.

O relatório final e os materiais científicos do projeto serão publicados em breve. Os dados serão disponibilizados para órgãos de gestão e fiscalização do patrimônio arqueológico, incluindo a Secretaria Municipal de Cultural de Ponta Grossa, a Coordenação do Patrimônio Cultural (CPC) da Secretaria de Cultura do Estado do Paraná e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).