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Brasil

Legado de Feder no Paraná tem Ideb maquiado, venda de papel, e prejuízo à imagem de Ratinho

 Secretário Educação SP, Renato Feder, investigado por conflito de interesses e manipulação de dados educacionais no Paraná. Secretário Educação SP, Renato Feder, investigado por conflito de interesses e manipulação de dados educacionais no Paraná.
Divulgação
/
AEN
Intelligentsia

O secretário da Educação de São Paulo, Renato Feder, é investigado pela Procuradoria-Geral de Justiça por conflito de interesses. Ele é sócio de uma empresa que detém parte das ações da Multilaser, que por sua vez tem contratos no valor de R$ 200 milhões com a pasta comandada por Feder.

O interesse dos investigadores surge com o fornecimento de 97 mil notebooks para a rede pública estadual de São Paulo, por meio de contratos firmados logo após a eleição de Tarcísio de Freitas (Republicanos) como governador.

No meio de maio, o secretário tentou transferir a sede da Secretaria da Educação da região central de São Paulo para a Faria Lima, o que foi criticado por membros do governo. A sede atual é um símbolo da Educação do estado, e uma espécie de berço da Universidade de São Paulo (USP).

As posições de Feder sobre a educação pública são informadas por uma perspectiva empresarial. Há em sua fala pública um traço marcante de oposição à política, sem diálogo político ou acadêmico.

Em seu livro Carregando o elefante, Feder e o coautor Alexandre Ostrowiecki afirmam que "alunos das escolas públicas estudam com professores semi-analfabetos, obtendo as piores notas em Matemática no mundo".

Reprodução do livro de Feder.

A introdução do livro demonstra sua irrelevância científica, não apenas pelo excesso de generalidades, mas pelo caráter preconceituoso. A maior parte das afirmações são reproduções do senso comum. Eles comparam o que é negativo no Brasil com a vida dos nigerianos, e reforçam uma abordagem intensamente policialesca ao se referirem a "bandidos".

Sem ficha catalográfica, o livro está disponível na base da Universidade Estadual de São Paulo.

O estilo de Feder é precisamente o que se assemelha ao conhecido "gabinete paralelo". Chefe de Feder, o governador de São Paulo enfrenta uma crise institucional gerada por uma operação policial desastrosa que matou um número incerto de pessoas. A decisão de Freitas de proteger a polícia até as últimas consequências (junto ao misterioso sumiço das imagens das câmeras dos uniformes) requer dele um gesto bem menos complacente. A esta altura, a cabeça de Feder é pedida um par de vezes.

Feder dá o tapa, e esconde a mão

Feder se aproximou do governo do Paraná antes da eleição de 2018, no papel de doador de campanha política. Naquela época, o mandato de Beto Richa (PSDB) inaugurou no Paraná uma dança das cadeiras com nomes desconhecidos dos paranaenses. Eles passaram a assumir posições de controle, e permaneceram no poder apenas o tempo suficiente para assinar decisões pouco populares ou, frequentemente, imorais.

No momento da chegada de Feder, começavam mudanças estruturais na gestão do dinheiro do Paraná, como a transferência do orçamento para a Fazenda (antes estava sob o Planejamento). Essa mudança se consolidou durante o governo de Ratinho Júnior (PSD). Sob a gestão de Ratinho, Feder assumiu o cargo de secretário da Educação, o que prejudicou ainda mais a reputação do governador entre os professores.

Rastros estranhos deixados no Paraná

Feder é acusado por gestores da rede pública de maquiar os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no Paraná. De acordo com os professores, ele fez isso por meio de uma série de medidas, que inclui a exclusão de alunos com baixa frequência dos registros de classe. Isso alterou os números de evasão escolar e artificialmente aumentou o Índice.

Feder também é apontado por esses gestores de ter corrompido o sistema de avaliação do estado, ao criar seu próprio modelo. Ele não consultou os professores ao impor uma prova criada por empresas de fachada. Os cadernos de prova foram impressos e distribuídos em todo o Paraná, mas não foram utilizados. "Algumas escolas do interior que precisavam de recursos venderam o papel por quilo", informa um dos gestores.

Um procedimento foi aberto pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o que é confirmado pelo coordenador, Leonir Batisti.

Última atualização
10/9/2023 11:44

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Maku de Almeida
19/5/2024 16:26

Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.

A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Jane Hir
19/5/2024 16:08

Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.

Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.

Brasil

Legado de Feder no Paraná tem Ideb maquiado, venda de papel, e prejuízo à imagem de Ratinho

 Secretário Educação SP, Renato Feder, investigado por conflito de interesses e manipulação de dados educacionais no Paraná. Secretário Educação SP, Renato Feder, investigado por conflito de interesses e manipulação de dados educacionais no Paraná.
Divulgação
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AEN

Legado de Feder no Paraná tem Ideb maquiado, e prejuízo à imagem de Ratinho

O secretário da Educação de São Paulo, Renato Feder, é investigado pela Procuradoria-Geral de Justiça por conflito de interesses. Ele é sócio de uma empresa que detém parte das ações da Multilaser, que por sua vez tem contratos no valor de R$ 200 milhões com a pasta comandada por Feder.

O interesse dos investigadores surge com o fornecimento de 97 mil notebooks para a rede pública estadual de São Paulo, por meio de contratos firmados logo após a eleição de Tarcísio de Freitas (Republicanos) como governador.

No meio de maio, o secretário tentou transferir a sede da Secretaria da Educação da região central de São Paulo para a Faria Lima, o que foi criticado por membros do governo. A sede atual é um símbolo da Educação do estado, e uma espécie de berço da Universidade de São Paulo (USP).

As posições de Feder sobre a educação pública são informadas por uma perspectiva empresarial. Há em sua fala pública um traço marcante de oposição à política, sem diálogo político ou acadêmico.

Em seu livro Carregando o elefante, Feder e o coautor Alexandre Ostrowiecki afirmam que "alunos das escolas públicas estudam com professores semi-analfabetos, obtendo as piores notas em Matemática no mundo".

Reprodução do livro de Feder.

A introdução do livro demonstra sua irrelevância científica, não apenas pelo excesso de generalidades, mas pelo caráter preconceituoso. A maior parte das afirmações são reproduções do senso comum. Eles comparam o que é negativo no Brasil com a vida dos nigerianos, e reforçam uma abordagem intensamente policialesca ao se referirem a "bandidos".

Sem ficha catalográfica, o livro está disponível na base da Universidade Estadual de São Paulo.

O estilo de Feder é precisamente o que se assemelha ao conhecido "gabinete paralelo". Chefe de Feder, o governador de São Paulo enfrenta uma crise institucional gerada por uma operação policial desastrosa que matou um número incerto de pessoas. A decisão de Freitas de proteger a polícia até as últimas consequências (junto ao misterioso sumiço das imagens das câmeras dos uniformes) requer dele um gesto bem menos complacente. A esta altura, a cabeça de Feder é pedida um par de vezes.

Feder dá o tapa, e esconde a mão

Feder se aproximou do governo do Paraná antes da eleição de 2018, no papel de doador de campanha política. Naquela época, o mandato de Beto Richa (PSDB) inaugurou no Paraná uma dança das cadeiras com nomes desconhecidos dos paranaenses. Eles passaram a assumir posições de controle, e permaneceram no poder apenas o tempo suficiente para assinar decisões pouco populares ou, frequentemente, imorais.

No momento da chegada de Feder, começavam mudanças estruturais na gestão do dinheiro do Paraná, como a transferência do orçamento para a Fazenda (antes estava sob o Planejamento). Essa mudança se consolidou durante o governo de Ratinho Júnior (PSD). Sob a gestão de Ratinho, Feder assumiu o cargo de secretário da Educação, o que prejudicou ainda mais a reputação do governador entre os professores.

Rastros estranhos deixados no Paraná

Feder é acusado por gestores da rede pública de maquiar os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no Paraná. De acordo com os professores, ele fez isso por meio de uma série de medidas, que inclui a exclusão de alunos com baixa frequência dos registros de classe. Isso alterou os números de evasão escolar e artificialmente aumentou o Índice.

Feder também é apontado por esses gestores de ter corrompido o sistema de avaliação do estado, ao criar seu próprio modelo. Ele não consultou os professores ao impor uma prova criada por empresas de fachada. Os cadernos de prova foram impressos e distribuídos em todo o Paraná, mas não foram utilizados. "Algumas escolas do interior que precisavam de recursos venderam o papel por quilo", informa um dos gestores.

Um procedimento foi aberto pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o que é confirmado pelo coordenador, Leonir Batisti.

Intelligentsia
Última atualização
10/9/2023 11:44

Compreender o passado ajuda a construir um presente consciente

Eu e minhas circunstâncias à busca de propósito

Maku de Almeida
19/5/2024 16:26

Uma sequência de decisões me trouxe até aqui. Nem todas foram boas ou sensatas. Algumas foram realmente muito ruins. Gosto muito deste "aqui" e fico tentada a pensar: eu chegaria até aqui por outro caminho? Há coisas que ainda quero iluminar. Não me falta coragem. Mas há grandes e sensacionais conquistas. Portanto, gratidão ao aqui. Pois o lá já virou pó.

A respeito disso, um filósofo espanhol que eu aprecio sem moderação, José Ortega y Gasset, em seu livro Meditaciones del Quijote, diz: “eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela, não salvo a mim".

Preparar panquecas e viver é uma receita de amor e paciência

Jane Hir
19/5/2024 16:08

Algumas comidas são marcadas pelo afeto. Tenho memória afetiva de muitas e entre elas está a panqueca. Na minha infância, que já transcorreu há muito tempo, a mágica das rodelas de massa dourada sendo viradas em um gesto preciso era realizada pela minha avó.

Em uma época de poucas variedades alimentícias, pelo menos para uma família numerosa como a nossa e mantida por um pai operário, a panqueca recheada de doce de leite feito em casa ou apenas polvilhada com açúcar e canela, assumia ares de requinte.

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